21 dezembro 2016

Mochila

Voltava para casa depois de ter rodado a cidade. Estava cansada, mas já no ponto final para pegar o ônibus, por sorte consegui um lugar para sentar. Meu corpo quase se fundiu com o banco, sentia cada músculo do meu corpo latejar, minha cabeça doía.

Seguindo minha rotina, peguei meu fone,conectei no celular e coloquei qualquer música que me levasse para longe dali, que abafasse o som externo. Fechei os olhos por um segundo enquanto esperava o motorista dar a partida.

Abri meus olhos e vi todos os lugares ocupados e muita gente de pé no corredor. Perto de mim, de costas, havia um rapaz daquele estilo que me instiga: branquelo, magrelo, cabelos longos presos num coque. Vestia uma camisa social clara e pendurada no ombro uma mochila.

Imaginei meu cansaço e pensei no dele, quanto aquela mochila devia estar machucando os ombros dele, queria tirar aquele peso das costas.

Cutuquei o rapaz e perguntei se queria que eu segurasse aquilo, ele me olhou e disse que não. Até então não tinha visto seu rosto e me senti pré adolescente quando ele virou, senti meu rosto ficando corado, coração acelerado.

Ele conseguiu um lugar atrás de mim e eu não deixei de pensar no rosto dele.

Minha casa era muito próxima do ponto final, tinha que agir logo. Escrevi um bilhete dizendo que o achava 'lindo' e entreguei descendo do ônibus. E foi ali que eu tirei o peso das minhas costas, voltei leve pra casa, sem cansaço com a energia recarregada.

19 novembro 2016

Um cheiro

Acompanhava a banda que produzia em mais um show. O local era grande e tinha bastante público que dançava as brasilidades que o dj tocava. O show começava às 20h e no meio do povo ela dançava timidamente no seu canto enquanto tirava umas fotos.

Sentiu alguém a cutucar no ombro e virou, observou um rapaz alto, moreno, cabelo escuro estilo tigela e camiseta azul, perguntando sorrindo:

- Dança comigo?

- Não sei dançar e estou trabalhando...

- Você trabalha no evento?

- Não, para a banda!

- Tu trabalha para uma banda de forró e não sabe dançar?

Ela fez uma cara triste, ele riu e disse que a ensinaria. Segurou-a pela cintura e a pegou sua mão:

- O passo básico é quando eu for para trás com o pé direito, você avança com o esquerdo. A mesma coisa com o outro pé... Vamos tentar.

A primeira tentativa não deu certo por conta das pessoas dançando ou passando ao redor: levou duas cotoveladas e um pisão.

- Vai ser difícil, mas fique calma - disse ele sorrindo pacientemente

Na segunda vez foi um pouco melhor.

- Não fique tímida, se solte. Ninguém aprende rápido.

Incomodada com as pessoas a empurrando, pegou o rapaz pela camisa dizendo saber um lugar para dançar. Foi até os camarins, contra o mar humano que ia em direção ao palco, onde mostrou sua pulseira de acesso ao segurança que liberou sua entrada.

Fechou a porta da pequena sala onde entraram, afastou o sofá cinza e ficou pronta para dançar, aproveitando o som que tocava lá fora. O rapaz era simpático e estava adorando aquilo, ensinou o pouco que sabia. Ela às vezes até acertava um giro.

Em cada passo o corpo dela colava mais no dele, a cada giro o perfume que ele usava a embriagava mais e as mãos dele ficavam mais quentes a cada música. Enfeitiçada pelo ritmo nordestino, deu um cheiro no cangote dele e passou sua mão do ombro para a nuca e subiu até aqueles cabelos lisos. Essa coreografia ele sabia bem. Deu um cheiro nela também e desceu a mão que pousava nas costas até a cintura e a trouxe para mais perto.

O beijo foi uma dança que deu certo. As línguas pareciam coreografadas e bailavam num ritmo único. No meio do camarim, os corpos suados dançavam em paz sem ninguém pra perturbar.

Esse passo ela também sabia, mas aí ela gostava de ter a liderança, então empurrou o rapaz até o sofá e sentou no colo dele. As mãos quentes do rapaz invadiram a blusa e colaram nas costas dela, as da moça abriram rapidamente aos botões da camisa que ela amassava.

Tudo começou num xote, compasso devagar, sem pressa, se descobrindo, foi acelerando até chegar num arrasta pé de tirar o fôlego, a roupa e o sofá do lugar.

Na música seguinte ele liderava e estava com o corpo em cima do dela, sentia seu coração acelerado como um triângulo. Ele apertava o corpo da moça contra o sofá e ela se recordava da muvuca lá fora, do empurra empurra e nem ligou, pois o empurra que ela estava era bem melhor, então passou sua perna pela cintura dele e prendeu nas costas.

O rala coxa em cima do sofá estava mais quente que do evento. Os corpos dos dois se espalharam por todos os cantos do estofado. Ela ainda não aprendeu os passos do forró, mas nunca mais recusou um convite pra dançar.

14 novembro 2016

ANIVERSÁRIO


Era aniversário dele então mandou uma mensagem perguntando qual sabor ele preferia: morango com chocolate ou com chantili. Chocolate, ele respondeu.

Chegou mais cedo do trabalho e na porta do apartamento tinha um bilhete colado:

"Siga as pistas para ganhar seu presente".

Como uma criança, abriu seu maior sorriso e foi atrás dos outros bilhetes espalhados pelos cômodos. A trilha para ele seguir foi criada com suas moedas plásticas de poker e segunda dica estava na cozinha, na geladeira:

"Abre devagarinho do jeito que eu gosto e me pega ainda gelada"


Abriu a porta e viu várias cervejas da sua favorita na prateleira de cima, em uma delas estava colado:

"Adoro quando você encosta seus lábios em mim e me toma inteira".

A trilha seguia para mesa com o seguinte aviso:

"Vá para a mesa da sala".


Saindo da cozinha para a sala, ele largou a mochila no sofá, tirou a jaqueta jeans e a camisa cinza. Na mesa estava seu notebook com um post-it na tela:

"A playlist está pronta é só escolher qual música a festa começa, sentar no sofá e relaxar um pouco"


Ele ria entre um gole e outro, no sofá viu uma pista presa no controle remoto:

"Me toque! Aperte o play!"

O dvd reproduzia inúmeras fotos do casal, das viagens, bares, poses e tosquices. Ele admirava aquilo curtindo o som do notebook e sua cerveja. No final do vídeo apareceu a mensagem:

"Agora você pode ir pro quarto e pegar seu presente"

Abriu a porta devagar e viu algumas velas acesas decorando e iluminando o ambiente. Sua garota o esperava nua na cama. Na barriga havia a inicial do nome dele escrito com chocolate, havia morangos cobrindo os seios dela, sua parte íntima e um na boca dela - esse foi o primeiro que ele devorou com gosto, após ter tirado sua calça e cueca apressadamente.

Comeu os morangos dos seios e se deliciava com aquele sabor e suco que restava. Desceu até a barriga, lambeu o chocolate e comeu os morangos que sobraram mais para baixo. Estava em êxtase pela surpresa e por misturar o azedo da fruta com o doce do chocolate e com o calor do corpo dela.

Ele desceu um pouco mais com a língua nas partes dela mas foi impedido com ela puxando seus cabelos e dizendo:

- Se quiser tem mais chocolate - falou e apontou o pote no criado mudo.

- Deixa pra depois...

E como uma criança que ganha o presente mais esperado brincou e se lambuzou até o amanhecer.

12 novembro 2016

Cheguei ao ponto de te procurar em outros corpos, rostos e até penteados. Era você ali dançando com aquela moça?!

Meu coração e auto estima se despedaçaram ao ver aqueles corpos colados. Se entrelaçavam e às vezes se fundiam em um quando se beijavam.

A luz escura da balada e o cantinho que eu me encontrava conseguiriam disfarçar minha cara de dor.

Durante uma troca de música a luz mudou e o casal no meio da pista se separou, fazendo meu coração colar todos os pedaço de volta.

Não era você! Era minha miopia agindo contra mim. Então ainda tenho chances? Não de ter uma visão perfeita, mas de dançar contigo?

*PRESENTE*

Já tinha escolhido o que queria ganhar no Natal, nunca foi de pedir nada, mas este ano queria e merecia ganhar.

Há uns 3 anos que admirava aqueles olhos claros no mês de dezembro. Não o conhecia, era amigo de uma amiga e só o via no aniversário da mesma. Não falava com ele, pois era tímida e sempre ficava com o pé atrás, com receio, porém, desde a primeira vez que o viu, sentiu algo: os olhos dele contrastavam com a cara de de bravo - ela precisava conhecê-lo.

De repente, se deu conta que o ano estava acabando e que dezembro estava logo aí. Não ia e nem queria criar expectativas, mas estava na hora de pedir um presente.

09 novembro 2016

Remédio


Fui até a farmácia pegar um remédio para minha mãe e quase pedi um para mim.

Os olhos do atendente curaram minha dor mais rápido que um Dorflex, a voz era mais calmante que Maracugina mas o sorriso era um excelente energético, fiquei na dúvida entre o que escolher.

Com a receita na mão fiquei sem reação, quase comprei pastilhas para garganta querendo recuperar a voz e um aparelho para medir a pressão - para ver se era isso que tinha deixado minhas pernas bambas. Talvez comprasse algo para o coração que de um segundo para o outro ficou acelerado.

Não quis me automedicar, então peguei as coisas que realmente precisava e fui embora com certeza que alguns remédios te dão apenas cura momentânea.

07 novembro 2016

Segredo


Fez do parenteses letra
e de mim, ouvinte.

O digital virou real
na voz daquele rapaz
E meu ponto final
virou reticências.

Ele compunha como uma facilidade de quem respira
Queria escrever uma letra
que fosse digna para ele ler
Mas como escrever depois de você?

Queria poder ligar meu GPS
para saber sua localização
Procurar no histórico sua inspiração
Fechar a aba do desejo
e abrir uma janela da esperança

Pensei que as palavras eram minhas amigas, mas quando precisei delas, sumiram.

Foi aí quando descobri que elas eram suas amantes e que você as tratava melhor que eu.

19 outubro 2016

Trajeto

Se a gente dividiu o mesmo vagão, porque não podemos dividir a vida?

Saia de trás desse homem comendo fofura de cebola, expulsa o dorminhoco do meu lado e senta aqui.

Deixa eu saber o que você está ouvindo, me diz o porquê fez essa tatuagem no antebraço e me conta quem te deu essa pulseira.

A vida é esse trajeto de idas e vindas e em cada estação uma surpresa. Então aproveite, pois a próxima pode ser a final.

18 outubro 2016


Você me parece tão distante, intocável tanto em cima quanto fora no palco, não saberia como me aproximar, de longe te admirava e sentia seu ritmo dominando cada parte de mim. Começou me aquecendo e acelerando por dentro, um calor que foi se propagando pela minha pele até as extremidades do meu corpo, em menos de um minuto eu já estava dançando no seu tempo.

Tive vontade de abrir o resto da sua camisa e colar seu corpo suado no meu, te levar para aquele túnel escuro perto do palco e torcer para que você me jogasse na parede e me surpreendesse com um beijo no pescoço enquanto te agarrava pelos cabelos. Nossos corpos se entrelaçavam naquele suingue latino, minha cintura dançava ao encontro da sua e grudavam iguais ímãs. Sentiria seus dedos me percorrendo, me dedilhando como o teclado que você tocava antes.

As pessoas dançavam ao meu lado na pista e eu parada te observando, me imaginava pós show, após todo mundo ter saído, subindo no palco, sentando no teu colo, entrelaçando minhas pernas em você, ficando entre teu corpo e o teclado. Continua! Toca de novo. Toca aquela música que você sabe que gosto.

Alguém pisou no meu pé e acordei da ilusão que me encontrava. O calor da pista e a certeza de que estava com pensamentos errados me fizeram sair. Fui embora antes que o show terminasse, pois assim sempre teria a desculpa de voltar para o bis, pedir mais uma.

02 outubro 2016

Olha pra mim

Era a primeira vez que assistia ao show daquela banda que há anos ouvia. Só conhecia as vozes, não sabia como eram os rostos deles, não sabia o nome de nenhum integrante - devia ser preguiça de pesquisar - mas sabia de cor todas as músicas dos dois cds.

Iria ter um mini festival de três bandas: uma que nunca ouviu falar, que seria a primeira a tocar; uma que ela idolatrava e conhecia bem os integrantes e a essa outra que ela curtia muito, mas não era tão íntima - foi nesse show 90% só por causa deles, precisava vê-los de perto, sentir essa energia ao vivo e conhecê-los.

O primeiro show era de um grupo que tocava músicas de faroeste vestidos a caráter, era bem ok, nada de super, porém faltava algo. O instrumental era incrível, entretanto ela sentia falta de letra nas músicas - como uma boa redatora gostava de escrever, de ler e conhecer a pessoa por aquilo que ela compõe. Por isso nem focou sua energia neles, queria a segunda banda.

Eles subiram no palco e como num jogo de vídeo game, a barrinha de energia dela se completou na hora. Se arrepiou, cantou, gritou, ficou sem voz, dançou, requebrou, tudo que tinha direito naquele show.

A banda era ótima, instrumental maravilhoso, letras deliciosas, presença de palco marcante, mas o foco dela se perdeu um pouco naquele momento. Na voz poética, naqueles olhos de galã de filme estrangeiro, naquele cabelo despenteado, já falou na  voz sensual? O foco era o contrabaixista, ficou besta ao vê-lo na frente dela. Não sabia que era um dos vocalistas principais e aquela música que ela delirava ouvindo no celular,  era ele que cantava.

Queria correr atrás dele no camarim, ver se os dedos dele eram bons fora do contrabaixo. Queria puxar aquele cabelo pra perto e fazer ele cantar no ouvido dela. Queria estourar os botões da camisa que o música usava e compor uma melodia no corpo dele. Queria ver ele ainda tinha energia depois do show.

Ele cantava:

"Ah olha pra mim quando esbarrar por aí
Faça alguma coisa só não me ignore assim
Cansei de ser só um, mais um em mil"

Saindo do devaneio que se encontrava voltou para casa leve, cheia de energia e vontades. 

Hoje ela sorri com malícias quando ouve a voz dele e pensa: e se eu te encontrar por aí posso te falar das minhas vontades com a mesma facilidade que você toca? Se eu te falar quem sou vai me ignorar ou esbarrar em mim?

Foco

- Fecha nela, pois este ângulo está melhor - falou a produtora do curta metragem.

O câmera/diretor olhou torto, engoliu em seco. Se incomodava quando opinavam em cima da sua criação.

- Você gosta de mandar? - perguntou ele meio bravo/irônico.

- Só no trabalho, entre quatro paredes eu prefiro obedecer.

Ele ficou boquiaberto e sem reação. Ela sorriu e partiu, voltou a trabalhar, precisava resolver outras coisas importantes do evento.

Se conheciam há tempos mas nunca trabalharam juntos. Ele era mais novo que ela, usava dreads no cabelo, algo que ela não era fã e devia ter mais de 100 contatos no celular para uma pegada fácil.

O sábado havia sido longo, acordou cedo, ajudou mil equipes, fez inúmeras coisas. Estava esgotada física e acabada mentalmente.

- Precisamos gravar o pessoal da técnica no camarim menor. A luz lá é boa? - ela falou.

- A gente se vira naquele lugar pequeno...


- Meu sonho sempre foi pegar alguém lá... Adoro lugares apertados.

- Você não pode dizer uma coisa dessas para mim enquanto eu trabalho... Eu fico desestruturado... Perdi o foco...

- Desculpa, foi só um comentário aleatório...


Gravaram o depoimento da pessoa que faltava e decidiram, checar o material que tinham e ver se faltava alguém. Ele fechou a porta do camarim para não atrapalhar a checagem do som da câmera. Sentaram em frente ao espelho e colocaram o equipamento na mesa.

Viram uns depoimentos enquanto ela fazia umas anotações e ouvia o que o dizia o pessoal:

- Você acha que a gente tem que gravar este aqui novamente? O Sol na cara dela ficou ruim... Hey! Está me ouvindo?

- Eu parei de prestar atenção no que me dizia no momento em que você falou sobre seus desejos neste lugar....


Sentada ela empurrou com o pé o apoio da cadeira dele para trás fazendo com que ele se afastasse da mesa.

- Então é minha chance... -
falou a moça sentando no colo do rapaz.


As mãos dele percorreram as coxas e terminaram apertando a bunda. Os lábios dele eram mordidos por ela depois das línguas terem se encontrado.

- E qual é seu desejo? Seu fetiche?

- Sempre quis gravar eu com alguém.

- Então a gente pode realizar dois sonhos de uma vez -
falou a moça virando a câmera para eles e apertando o botão para gravar.


Lentamente foi desabotoando a camisa preta que usava deixando as costas nuas para a gravação.

27 setembro 2016

Vale night

Era mais um show da sua banda favorita, desta vez iria ser num barzinho na Faria Lima.

Adorava aquele trio. Curtia o baixista, amava o vocalista, mas tinha tesão pelo baterista - era quem ela estava ansiosa para ver novamente, principalmente se estivesse com o macacão laranja do figurino; já até o imaginava segurando na baqueta. Mas ele melhor não pensar nele segurando coisa algo, era muito cedo para aquilo.

Porém, antes do show começar, na entrada ela ganhou um 'vale drink' da recepcionista do local e foi na hora que ela viu o rapaz que servia as bebidas que ela decidiu beber e até esqueceu do baterista. Não era fã de bebidas alcoólicas, muito menos daquilo que ele ia misturar no copo com gelo, mas aceitou só para chegar perto dele.

Era o tipo físico que ela sempre admirava na rua: alto, magrelo, cabelo compridos até o ombro, tatuagem e um sorriso no rosto - que a deixou de pernas bambas mais rápido que a bebida.

Perguntou qual bebida era, e ele repetiu três vezes e não era uma técnica para falar mais com ele, mesmo querendo isso, era pelo fato da bebida ter um nome estranho. Sorriu, pegou seu copo e seguiu sua amiga até uma mesa, mas com vontades de voltar lá para frente.

O bar era escuro, tinha uma decoração que mesclava o velho oeste com outras mil coisas. Na parede tinham quadros, posters de filmes, antigos, de shows, fotos, cabeça de animais e outras doideiras que se estendiam até o banheiro, que nesse estabelecimento, era misto - sim, homens e mulheres no mesmo local.

Enquanto o som ambiente tocava, aproveitou para comer com as amigas e tomar algo, pois o drink que recebera ficou no canto da mesa com o gelo boiando.

Da sua mesa viu o rapaz indo até o banheiro e teve uma ideia, esperou que saísse e entregou um bilhete com os dizeres "vale night". Ele entortou a cabeça para o lado e sem entender, perguntou o que era:

- Você me deu um "vale drink" para eu curtir a noite, eu te dou um 'vale' para você curtir a sua e não ficar só ali parado servindo drinks...

Ele sorriu maliciosamente, as pernas dela bambearam na mistura do sorriso com a bebida da mesa. Ele pegou na mão dela e a puxou para dentro de um banheiro desocupado, que era decorada com fotos de artistas com passagem pela polícia - aquela famosa foto com uma placa como nome e um número - e pensou qual crime iria cometer com ele no momento.

Ele a posicionou na parede e se aproximou para beijá-la. ela não resistiu e passou a mão pelos cabelos dele o trazendo para mais perto.

Diferente da bebida que esse moço servira, o beijo foi delicioso desde o primeiro gole. As mãos dele que invadiram a camisa dela estavam geladas pelo gelo que trabalhara antes, as dela, pelo nervosismo.

O quadril deles se atraíram como imãs. A garota o agarrava pelo pescoço e o puxava pelos cabelos, e ele apertavam as coxas e a bunda dela.

O som do bar. uma balada rock'n'roll dos anos 90 era interrompido pelas batidas na porta, mas o casal não se importava, muito menos agora quando ele estava sem camiseta e ela com o sutiã aberto.

Os lábios dele percorriam um caminho que ia da boca dela até o umbigo, passando carinhosamente pelo pescoço, seios e barriga. Ela o puxou pelo cabelo de volta para cima e desta vez as bocas que foram atraídas como imãs. A mão dele então percorreu outro caminho, para dentro da calça da moça ela percebeu que seus dedos não estavam mais gelados, estavam quentes como o resto do seu corpo.

Ele não era só bom mexendo os drinks, ele sabia como mexer os dedos, sabia usar a mão - sabia bem! Era ágil e sabia do gosto da cliente e depois de umas misturas e rodopios, o coquetel dela ficou pronto.

Ela se curvou de prazer sobre os ombros dele e gemia no seu ouvindo, deixando o rapaz mais empolgado. Ela então quis retribuir o feito e começou a mexer no drink dentro da calça dele. Queria uma batida forte, que ele lembrasse, então bateu devagar, com jeito, no ritmo da música que tocava, de uma maneira que ele parecia gostar, e gostou. Gozou na privada e ficou em silêncio curtindo o prazer que aquela mistura lhe oferecia.

Ficaram ali na cabine em silêncio por uns bons momentos em paz, aproveitando a pele quente e o coração acelerado.

Lá fora o público vibrava, a banda que ela foi ver tinha subido no palco. Colocou a camisa, ia arrumando a saia para sair dali, mas foi impedida. Ele trancou a porta e foi com seu corpo acima do dela.

Desta vez a música e o beijo eram diferentes, a timidez e nervosismo ficaram de lado. Ele abriu a blusa dela com força e estorou todos os botões e ela mesmo arrancou o sutiã.

Tirou a camiseta dele com a mesma vontade que ele arrancara a dela. Precisava ver aquelas costas nuas, pois já tinha se apaixonado por elas quando entrou no bar. Tinha tesão naquele trapézio definido, suas mãos percorreram aquela área toda.

A primeira música mal tinha terminado e eles já estavam nus naquele cubículo com os corpos suados, entrelaçados e agora encaixados.

A segunda música era mais forte e rápida, a batida na bateria marcava o movimento do quadril dos dois. Era o dobro do desejo, da vontade, quando por um segundo ela pensou no baterista.

Agarrou com força o pescoço do rapaz puxando seus cabelos e com suas pernas deu um nó na cintura dele, enquanto ele a segurava por baixo, apoiando o corpo dele às vezes na parede.

Na terceira música ela empurrou o corpo dele e o fez sentar na privada, era algo mais devagar, canção de amor, dava para descansar um pouco.

Os lábios voltaram a se encontrar. As mãos percorrendo a pele quente do outro. E o quadril encaixado num movimento continuo e repetitivo.

Entre a quarta e a quinta música ambos gozaram e curtiram aquele momento.

Ela se levantou e se vestiu, disse que queria ver o resto do show. Antes de sair o rapaz entregou um vale para ela:

- Volta outro dia que te dou um drink melhor.

Foi o melhor show que ela assistiu.

tugostaque@gmail.com

19 setembro 2016

Extravagance

Havia passado a tarde com mais cinco amigas numa boutique de produtos eróticos. A conheceu online viu algumas fotos da loja e achou interessante. Sempre teveaquele preconceito com esse tipo de estabelecimento, pois a maioria é voltado para o pornográfico e você já se imagina entrando na loja e levando uma pintada de borracha na cara - porém, nessa loja era diferente.

Era simples, bem decorada e organizada. Os produtos que poderiam assustar, aqueles de couro para o pessoal masoquistas, eram colocados nas prateleiras altas, longe da altura dos olhos e dos sustos do coração.

Vibrador, consolo, gel, óleo para massagem, para beijar, para dar cheiro, lingerie, algemas, livros e uma porção de outras coisas que elas se divertiam olhando, imaginando e perguntando para a simpática atendente que respondia tudo com atenção e sempre dando ótimas dicas e compartilhando experiências.

Por ter indicado a loja para as amigas, a moça ganhou delas um kit que vinha em uma embalagem transparente em formato de coração, tinha uma calcinha, um dado de posições e um óleo de massagem.

Chegando em casa, fotografou seu kit e postou no instagram com a legenda "pronta para brincar". Algumas horas depois tinha algumas curtidas, comentários e leu um que te interessava:

- Vai brincar com quem? Esse jogo é bom a dois! - disse um rapaz que apenas conhecia online e achava uma graça


Na mensagem privada ela respondeu dizendo que não tinha com quem brincar, que o kit ganhou das amigas.

- Não pode desperdiçar um presente assim. - ele disse

- Se quiser eu dou pra você!

- Eu quero! 

Ela sabia onde ele trabalhava e o surpreendeu na saída do expediente no dia seguinte. Admirado com ela, perguntou boquiaberto o que ela fazia ali, reparando no vestido verde e curto que usava.

- Vim aqui 'dar' para você... Não era o que queria?!


Ele ria do duplo sentido e a chamou para um hotel ali perto, ele receoso e ela rindo por dentro. Ao chegar lá ele sentou na cama depois de abaixar a luz, e ela tirou de dentro do decote o dadinho de posições e disse:

- Pronto para brincar?

- Pronto!


O dado quicou no colchão e caiu com uma face voltada para cima, a posição era o homem embaixo, mulher em cima e de costas - posição que ela adorava. Tirou o vestido devagar e foi na direção dele usando apenas a lingerie. Ele reparou na 'calcinha do kit' enquanto ela beijava o pescoço dele, em troca ele acariciou-lhe as coxas. Ela sentou no colo do rapaz fazendo suas coxas apertarem as dele, sentia que ele estava excitado e isso a animava.

As mãos masculinas percorreram as costas da moça até abrir o sutiã rendado. Os seios dela apontavam para ele que os beijou com vontade, às vezes mordia devagar.

Ela segurava a cabeça dele passando os dedos pelo cabelo liso daquele que a beijava. Os dedos passaram do pescoço até chegar na gola da camiseta, puxou devagar para tirá-la Se ajoelhou para desamarrar o tênis do moço, ele por sua vez tirava o cinto, abria o zíper e ia descendo a calça jeans.

Ainda de joelhos ela passava a mão nos tornozelos dele e ia subindo, passando as pontas dos dedos na pele dele, o deixando arrepiado. Depois de passar pelo joelho e coxa, chegou na virilha, onde assoprou gentilmente, enquanto suas mãos massageavam o conteúdo ereto perto dos olhos dela.

Jogou a cueca longe e com a língua massageou o kit completo do rapaz - que apoiado na cama aproveitava o carinho e aquela visão. Ela pegou o óleo de massagem e passou nas partes dele, além de deixar um gostinho de morango, fazia a pele ficar gelada. Ela de surpresa colocou um 'anel peniano'- vinha no kit também, era feito de silicone e se ajustava bem, ajudava o cara a ter mais prazer. Ele gostou da inovação e a puxou pelo braço. Voltaram a se beijar e ela sentou no colo dele e massageando a base do anel até a outra ponta e ele a acariciava, fazendo ela ter pequenas contrações.

Ficou de costas para ele, se posicionou e pegou na mão dele, pedindo ajuda para o encaixe - que foi perfeito que até mordeu os lábios. Uma das mãos dele segurava o encaixe e a outra um seio, a barba dele roçava no pescoço dela, que por sua vez segurava firme as coxas dele, como o desenho no dado.

A cama rangia no ritmo dele e ia aumentando o som conforme aumentava a velocidade do casal. A moça muitas vezes gemia fora do rimo, desafinava, mas ele não se importava, ele ficava louco de vontade a ouvindo.

Cravou as unhas nas coxas dele que a agarrou com força pela cintura e com força a penetrava mais rápido, mais forte fazendo a cama ranger e pular assim como o cabelo dela.

A última nota que ela gemeu a deixou mole, ele a segurou e a deitou na cama. Ele deitou por cima do seu corpo quente, era ele que precisava cantar a última nota agora. Com as mãos na cabeceira da cama, encaixou seu corpo no da moça, que mordeu novamente os lábios, gemia baixinho mais pela falta de ar provocada por aquele corpo em cima dela.

Desta vez a cama não se mexeu muito. As pernas dela cruzaram pela cintura dele que tomou conta da situação. Fez aquilo que mais gostava, fez movimentos lentos depois mais rápido até coração acelerar e soltou a última nota. Deitou no corpo dela ofegante e satisfeito.

Ele acordou na cama, coberto por um lençol. Viu pelo celular que havia cochilado alguns minutos. Silêncio no quarto. Acendeu o abajur, estava sozinho. Viu no canto da cama uma embalagem transparente em formato de coração. Lá dentro uma calcinha, o dado, óleo e um bilhete:

- Eu falei que ia dar pra você.

02 setembro 2016

Passageiro

As pernas dela estavam encaixadas nas dele que estavam abertas. As panturrilhas se tocavam e os joelhos se apertavam às vezes. É sempre constrangedor viajar no ônibus sentada nesse banco de frente para o outro.

Ele era moreno, cabelo escuro como a noite, camisa social azul clara que ficava justa nos braços largos. O peso da semana lhe caiu nas costas, tinha a expressão cansada. Encostado na vidro às vezes cochilava, às vezes olhava o movimento da rua. 

Eu tentava não encará-lo, não notar sua forte presença na minha frente era difícil. Eu revezava entre trocar de música no celular, mudar a trilha sonora que ouvia enquanto decorava cada detalhe do corpo dele ou digitava qualquer coisa no celular.

De dentro da minha bolsa tirei meu espelho da minha necessaire. Fui ver o que restou da maquiagem no fim da noite de sexta. Olhei meu batom rosa pouco apagado, tirei um pouco do lápis preto no canto do olho e num movimento ousado olhei adiante, além do espelho. Vi o homem grande e forte sentado na minha frente me encarando e de susto, diminuir de tamanho acanhado - eu nem precisava mais olhar no espelho, pois sabia que eu devia estar com um blush renovado, rosa de vergonha.

O cansaço do meu dia havia se renovado juntamente com minha auto estima ali naquela troca de olhares.

Ele estava incomodado, cansado, olhava sem parar o iphone dele e eu notando cada detalhe, querendo dizer:

- Quer conversar?

Desceu uns 5 pontos de onde moro e mais uma vez perdi a chance de falar com alguém que me inspirasse e instigasse tanto.

Quem sabe numa próxima viagem o destino não transforme o que é passageiro em algo duradouro.

22 agosto 2016

Antes só que mal comida

Creio que eu precise melhorar minha comunicação, criar regras, algo que seja bom para ambas as partes, pois, cansei de ficar insatisfeita. Sei que o problema não é só meu, e não é só comigo que isso acontece.

Será que é meu Gêmeos em Marte que não me satisfaz, que não me deixa gozar nunca? Ou o fato de às vezes criar algumas expectativas, ou meus parceiros às vezes não serem tão caprichosos? Cada peso uma medida, então cada tentativa uma porcentagem de culpa?

O cara chega no auge do prazer, desmaia para o lado e dorme satisfeito. Eu longe de qualquer prazer extremo, ainda em êxtase com o momento, fico elétrica com os hormônios a flor da pele, com energia para correr 3 maratonas, sou dominada pela insônia, e o corpo quente ao meu lado num sono profundo.

Aí que entra o diálogo, parceria, acordo: ok, você gozou?! Eu não, então vamos compensar, vem aqui e me faça uma massagem, me dê um carinho ou coisa assim. (fazer um carinho ou conversar depois não faz disso um relacionamento sério, nem caí o braço, pode fazer). O ruim é que a grande maioria só quer sexo, não gosta desses detalhes. São egoístas, pensam no próprio prazer, que já deram o melhor de si, que arrasaram e fim. E às vezes não é por maldade, o cara segue o plano: xyz, pois sabe que satisfaz algumas mulheres, mas não somos todas iguais (assim como eles não são). Eu já aviso com antecedência e sempre pergunto como ele gosta, pois assim não tem erro, dói fazer o mesmo?

No meio da noite tu acorda, vê que ele está acordado e tenta de novo, já que ele gozou, quem sabe é tua vez? Faz uma aproximação, um carinho, massagem, beijo no pescoço, aí ele vira de costas, para mim é um sinal claro de "não estou afim", né? Aí tu pensa: ele trabalhou a semana inteira, está cansado, deixa para depois. Quantas desculpas a gente coloca no outro, mas que podem ser nossas? E se você fez algo errado? E se não foi bom pra ele também, porque tentar de novo? E se ele perdeu o tesão em você?

E você se sente pior, pois não é a primeira vez que isso ocorre, já aconteceu com outro antes. Será que você tem que pular nua em cima dele e dizer: vamos de novo? Vamos melhorar o que foi ruim? Ou você que tem o dedo podre para escolher caras? Onde se encontra a 'caixa de sugestões' pós sexo para refletir sobre?

Talvez a luz da tv não incomode tanto quanto o passarinho lá fora e você consiga adormecer. Já passou mais uma hora e nem no sofá da sala ouvindo suas músicas te fizeram cair no sono. Ainda são 4 horas da manhã, falta mais 2 pra você sair.

O ato em si é bom, sempre tem momentos incríveis, pegadas sensacionais, troca de energia, pele na pele. Sei que o orgasmo não é tudo, que mais de 70% das mulheres não gozam assim tão fácil; eu sou dessas difíceis, então, até dou um desconto para o cara. Mesmo estando relaxada, sem pensar naquilo, aproveitando as sensações, o 'momento' não vem. Até com orientação é complicado, você trava, fica tensa, pensa no esforço do cara há tempos na mesma posição, aí já se distraiu e piorou tudo. 

Vamos conversar então? Não só com a pele, toques, mãos, olhares e beijos. Vamos dialogar, trocar palavras, entender o interior para depois o exterior. Deixar que as palavras fluam como nossos movimentos, sem pressão, sem pressa. Vamos nos envolver, parágrafo por parágrafo, ponto a ponto, para que nessa história nos dois possamos chegar ao "final feliz".

06 agosto 2016

Namastê

Domingo de manhã. Sol de inverno, dia não tão quente, sem vento. Decidiu fazer algo diferente e foi para aula experimental de yoga no parque. Há tempos queria se 'reconectar' consigo mesma, pois sabia que não conseguiria ir adiante - por qualquer caminho que fosse - se não se conhecesse melhor, se não se aceitasse e entendesse.

Era mulher, quase 30 anos, solteira, desempregada e carregava um buraco na alma e um peso nas costas. Tudo obviamente tem um porquê, uma razão, porém tem pesos que a gente pode se livrar no meio da caminhada e transformá-los em leves aprendizados - era o que ela queria.

Durante o trajeto da entrada do parque até o local da aula, viu desde crianças até idosos. Livros, patins, bolas, skates, bicicletas, comida, itens de diversão, passatempo do corpo e da mente. Nesse pequeno passeio ela já ia recarregando as energias.

Devia ter umas 40 pessoas na aula. A professora deu as instruções falando para sentarem no tapete, tirar os calçados e se preparar.

Fazia um bom tempo que ela não praticava nenhuma atividade física. O corpo sentia falta, precisa se libertar. Ficou impressionada com o grupo ali, todos em sintonia nos movimentos e com a respiração sincronizada. A tutora dizia sobre os benefícios daquela prática e pedia para todos fecharem os olhos e prestar atenção na própria respiração, enquanto ela e seu auxiliar iriam corrigir a postura dos alunos.

Sentou tentando deixar a coluna mais reta possível, encaixada no osso do cóccix. Mãos sobre os joelhos deviam estar leve, sem forçar. Mesmo com os olhos fechados ainda sentiam bem a presença do Sol. O pulmão abria e fechava junto com a boca, o ar entrava e num clico de renovação, saia levando todo o mal junto.


- Só precisa relaxar mais o ombro - disse  uma voz masculina no ouvido dela, enquanto as mãos firmes e quentes abaixavam de leve seus ombros, endireitando a postura e a confortando.

A respiração e o coração saíram do estado de relaxamento e agora queriam voltar ao normal, mas sem conseguir. Sentia as bochechas queimando vermelhas de vergonha. De olhos fechados engolia em seco. Tentava se acalmar e se concentrar.

A professora disse que podiam abrir os olhos e pensar como estavam antes e depois desse exercício. Lá na frente ela estava falando sozinha sobre 
a próxima posição, mas a aluna não quis saber daquilo. Disfarçadamente e fingindo um alongamento, olhou para os lados querendo saber de quem poderia ser o dono da voz misteriosa.

De pé com as pernas abertas na distância do quadril. Braços levantados na altura do ombro, palmas das mãos para baixo e dedos abertos, ou qualquer coisa do tipo que a professora tenha dito, ela tinha perdido a concentração.

Ela voltou a falar sobre respiração, pulmão, ar que entrava e saia. A aluna ia se concentrando, mantendo a posição para voltar naquele estado de concentração quando foi ajudada novamente por aquelas mãos e voz no ouvido:

- Abaixa os ombros. Relaxa! Você coloca muita tensão neles.

Desta vez de olhos abertos pode ver o dono da voz. Era um pouco mais alto que ela, cabelos compridos presos em um coque, sorriso grande e olhos claros que a fizeram se esquecer do Sol. Ficou boquiaberta.

- Se concentra na sua respiração. Distribui melhor o peso dos joelhos e arruma esse ponto aqui. - disse o rapaz apoiando a palma de sua mão nas costas dela próxima a cintura - Se precisar estou sentado atrás de você, me chame...

- Não consigo me concentrar aqui. Acho que é por conta do barulho.

- Se você quiser pode vir no espaço onde damos aula. Pode ir em uma aula experimentar lá.


Ela aceitou sem demora, pegou um cartão de visita depois e marcou  para a próxima semana. Terminou aquela aula no parque se sentindo leve e poderosa, mesmo ainda estando com as pernas tremulas.

Na quinta a noite passou no estúdio que ficava numa tranquila rua da zona sul da capital. O jardim vertical na entrada apontava que aquele lugar era diferenciado. O estúdio estava vazio e encontrou o professor ao telefone com uma cara chateada dizendo algo sobre marcar numa próxima semana.

- As duas amigas que viriam hoje, não vão poder vir para a aula. Vai ser só você, tudo bem?

Engoliu seco e já sentiu o coração querendo sair do peito, a face ficando rosa e assentiu com a cabeça.

- Não precisa ficar com vergonha... Estou aqui para te ajudar! Vamos para a sala de cima.

Espelho em uma parede e na outra um espaldar (aquele aparelho de barras para alongamento). Bolas e tapetes de yoga estavam num canto no chão. A luz baixa, incenso de ervas e som de mantras na rádio compunham a decoração do lugar.

Pediu que ela deixasse as coisas numa cadeira. Tirasse o tênis e deitasse no tapete no centro do espaço. Fez o que ele pediu e junto com o tênis e a mochila, deixou a vergonha de lado. Deitou no centro e reparou nos spots de luz no teto e sua respiração acelerada.

Contou os 25 pontos de luz, 12 bolas, 6 cadeiras 
e coração saindo do peito. Quatro puffs, um biombo, 7 quadros na parede e o coração já subia pela boca. 

 - Deita, fecha os olhos, palmas das mãos viradas para cima.

Ele se ajoelhou próximo a cabeça dela e com os polegares apertou um ponto no ombro da moça, parece que com aquele ponto tensionado ele tirou o mundo que ela carregava nas costas. Sentia o perfume dele e o calor.

- Eu não consigo! Para! Não vou conseguir me concentrar sabendo que esses olhos claros estão olhando para mim e que seu cabelo está solto e caído no rosto. É muita tentação! Já contei as 25 lâmpadas aqui e estou mentalizando o Hino Nacional para tentar pensar em outra coisa que não seja te agarrar agora! - disse a moça ainda deitada

A vergonha que ela deixou junto da mochila, abriu um zíper, se escondeu lá e nunca mais saiu.

Ele calmamente tirou o cabelo do próprio rosto com um sorriso lindo no rosto.

- Conheço outra técnica de relaxamento que pode ser muito boa para você.

As mãos quentes envolveram o pescoço dela, abaixou e deu-lhe um beijo na testa e um na boca. Ela já imaginava - o beijo dele era calmo, gentil, envolvente, sem pressa. Sentia cada centímetro dos lábios dele tocando os dela e a língua que a invadia era diferente das outras que havia experimentado.

Apagou umas luzes deixando o ambiente mais escuro. Aumentou o som dos mantras e pegou um óleo de ylang ylang (que é afrodisíaco). Deu a volta pelo corpo de sua aluna e devagar tirou a calça dela. Colocou umas gotas na mão e as esfregou deixando um pouco mais quente. Começou a massagem nos dedos do pé direito. Ela nunca tinha sentido a falange dela, nem o metatarso daquele jeito - nunca sequer nem pensou na palavra 'metatarso', mas nas mãos dele tudo ganhava um novo significado.

A planta do pé foi amassada, prensada entre as mãos. O tornozelo girava devagar com o controle dele que depois desse movimento massageou a batata da perna e foi subindo até o joelho. Com as pontas dos dedos massageou aquela região. As pontas subiram para a coxa que recebeu um carinho a mais próximo da virilha - que a deixou arrepiada. Desceu até a outra perna e repetiu cada movimento e mesmo sendo a mesma coisa, as sensações eram novas, únicas, ela nunca havia sentido aquilo.

Ainda com a ponta dos dedos passeou por cima da calcinha. Tocou na parte de cima no elástico e deslizava até as laterais da cintura, repetiu esse movimento algumas vezes. Desceu para o meio e posicionou a palma da mão em cima da curvatura da moça, em cima do chamado 'monte de vênus'. Permaneceu ali por uns minutos, trocando energia e calor, se conectando com a mulher deitada. Tirou a calcinha devagar e fez os mesmo movimentos de antes. Desta vez as peles quentes se encontraram e quase saiu choque.


O polegar dele fazia movimentos circulares no clitóris. Depois de uns minutos assim, desceu devagar e a sentiu molhada, penetrando o dedo nela para a sentir melhor. Tirou esse dedo e inseriu o indicador depois o médio fazendo movimentos de ir e vir, revezando eles.

O corpo todo estava conectado, a energia saia daquele ponto e irradiava para todo o resto, dos pés até a cabeça. Sentia em sintonia, vibrando e espalhando aquela energia. 

Continuou o movimento internamente com os dedos mas agora usava junto o polegar para tocar o clitóris dela - ele sabia o lugar exato, era fácil perceber que estava no lugar certo, pois ela se contorcia e gemia baixinho.

O mantra acelerou um pouco, ficou mais alto, mais forte, assim como as contrações e gemidos dela. O polegar dele trabalhava bem, era certeiro e foi recompensado com um gemido alto dela, que sentiu a energia como uma onda vindo de baixo e dominando o corpo todo.

O professor pediu para que ela continuasse deitada, absorvendo aquela energia e lembrando dos exercícios de respiração do parque. 

Ela levantou se sentindo renovada, acesa, com o espírito leve e iluminado.

- O poder de concentração está dentro de você e vai te invadir e te dominar da mesma forma que esse calor agora. É questão de prática e de focar naquilo que importa. Distribua melhor o peso das coisas e tire um tempo só para você. Volte para as aulas de meditação que te ajudarão muito. Namastê. - ele falou  juntando as palmas das mão na altura no peito

31 julho 2016

Suas palavras me rasgaram a alma com a mesma força e vontade com que eu queria rasgar sua roupa.

Fiquei sem reação ao ouvir aquilo, foi como se o chão embaixo de mim se abrisse. Chão onde queria jogar seu corpo e deitar em cima.

Não me respondeu mais, me deu um gelo, como a parede fria onde queria que tu me jogasse.

Tirou meu ar, fiquei sem fôlego, coração acelerado - nada diferente da noite que passei contigo.

Enquanto te via ir embora, me deixando com dúvidas, pensava que via os dois lados de tudo, então já te imaginava voltando cheio de respostas.

13 julho 2016

Layout


- Sabe o que um designer falou para o outro? "Deixa eu transformar seu rascunho em arte final "- disse ele rindo


Era assim que eles conversavam online. Há anos se conheciam mas só conversavam através de piadas e cantadas baratas. Se divertiam e tinham um carinho, respeito recíproco mesmo sem serem tão íntimos.

- Queria que você juntasse sua camada na minha... - ela falou

- Vem dar um pathfinder nas nossas formas para elas virarem uma só.... Essa conversa está ficando muito erótica..

- Te contei que tenho um blog erótico?

- Oi?

- Eu sempre me senti mais a vontade escrevendo do que criando...

- Me manda o blog!!!!


O blog dela continha algumas crônicas de conteúdo mais erótico e picante, histórias inspiradas nas situações que vivia e em causos de suas amigas.

- E como você se inspira para escrever tudo isso?

- Podemos fazer assim, você me ensina a usar o programa que estou com dúvidas e eu te conto os detalhes daquilo que crio, pode ser?


Ela tinha algumas dúvidas sobre um programa de criação que usava, então usou isso ao seu favor e foi visitar seu amigo. Às 20 horas ele abriu a porta da casa dele e foi surpreendido. Fico de boca aberta. Ela estava de 'colegial': saia azul preta com pregas, camisa branca, laço no pescoço, meia calça cinza e sapatilha pink.

- Boa noite, professor... Me atrasei? - ela falou entrando em ele conseguir reagir.

Sentou num puff, abriu a mochila, tirou um caderno e começou o questionamento:

- Se eu juntar meu corpo no seu, qual é o melhor alinhamento a ser usado?

- Acho que à esquerda, naquele sofá maior.


Ela foi para o sofá com ele a seguindo, ainda surpreso com a situação mas se divertindo.

- A minha sapatilha está na mesma paleta de cor do resto das roupas?

- Você está monocromática, e sua sapatilha é uma cor contrastando do resto...


Ele mal terminou a frase e com os próprios pés, ela tirou o calçado e jogou pela sala...

- Eu tenho outras dúvidas, mas creio que só na prática vou lembrar...


Desta vez foi ela que não terminou de falar, pois ele foi na direção dela e a beijou prensando seu corpo sobre o dela no sofá. Ela agarrava seus cabelos encaracolados enquanto ele passava a mão por debaixo da saia dela. Agarrou sua aluna pela cintura e a trouxe mais perto fazendo com que as pernas dela se encaixassem na coxa dele - ele pressionava o joelho de leve em suas partes, e ele gostava daquela pressão.

As unhas dela rasgavam o pescoço dele e com alguns puxões tirou a camiseta dele. Parou de beijá-lo, pois queria vê-lo. Estava acostumada a pegar meninos magrinhos sem pelos no corpo, diferente do homem que estava de joelhos na sua frente tirando sua meia calça com pressa.

- Aprendi que em muitos anúncios, o logo vai embaixo, para deixar marcado, como uma assinatura - ela disse rindo levantando a saia e mostrando a calcinha com o nome dele escrito a caneta


Ele gargalhou e de leve foi tirando a peça branca de renda:

- Está vou guardar no meu portfólio...

Ainda no sofá ela desabotoava a camisa branca enquanto ele abria o cinto e ficava só de cueca. Ela deitou e ele veio junto no sofá. O beijo estava mais quente, com mais língua e mordidas. A mão quente dele dominava as pernas dela com apertões e carinhos. Ele subiu um pouco mais fazendo seu quadril colar no dela:

- Essa sua impressão alto relevo está em ótima definição - ela falou se referindo ao membro dele

As mãos dele subiam com dificuldades pelas costas delas para abrir o sutiã. Ele beijava o pescoço dela enquanto sua barba raspava aquela pele branca. Mordia de leve os seios dela e com força apertava a cintura. Apertava as coxas com força e beijava de leve a barriga, fazendo carinho com a barba no ventre dela. Ela jamais tinha experimentado aquela sensação, aquela barba na pele e para completar, a língua dele. A língua dele a invadiu como tinta no papel, escorreu por entre suas curvas e a deixou completa.

Os dedos dele invadiram de leve a parte úmida dela e o encaixe fez ela gemer baixinho. Os dedos e a língua eram um ótimo time, tinham sintonia, energia e faziam aquilo que o cliente queria. Ela se agarrava o sofá enquanto ele trabalhava arduamente naquele layout, com movimentos circulares, firmes ou delicados. Às vezes ele parava, a acariciava e voltava mais criativo que antes. Nos últimos momentos se empenhou mais fazendo ela saltar do sofá e agarrá-lo pelo cabelo. Layout aprovado.

Ele sentou no sofá enquanto recuperava o fôlego e ela da arritmia. Ela levantou, ainda usando a saia, e sentou no colo dele, de frente. Se beijaram de forma mais carinhosa, mais delicada, sem pressa, ainda se recuperavam. Aos poucos a força e a vontade foram crescendo. Ela agarrou os cabelos do orientador e ele apertou-lhe a bunda dela.

As unhas da moça dessa vez desceram pelo peito dele se prendendo um pouco em seus pelos. Tocou devagar no relevo embaixo de sua saia e fazia movimentos leves, circulares, subindo e descendo. Mordeu o pescoço dele e foi beijando de lá até o quadril, podendo verificar a qualidade de impressão de perto. Lambeu o rapaz enquanto o tocava e alternava entre movimentos mais fortes com uns delicados. Agora ele agarrava os cabelos dela, ele gostava de controlar e ela da força que ele empunha.

Puxou ela para trás e a deitou no chão, deitando por cima logo em seguida. Agora todas as fases se misturavam: beijos fortes, costas arranhadas, chupões, mordidas. Ele se movimentava em cima dela, e por ser mais pesado do que ela acostumara, ela gemia de um leve desconforto e ele gostava daquele som.

Segurou as mãos dela acima da mesma e a prendeu, nisso ela o agarrou com as pernas, deixando espaço livre ele. O encaixe foi rápido, perfeito e delicioso. As mãos se soltaram e voltaram a pegar ele pelas costas. O movimento de ir e vir ia ficando cada vez mais rápido, mais forte e aumentava os gemidos delas até ela não aguentar mais e soltar um alto e se contrair inteira. Motivado pelo seu gemido, ele agarrou ela com mais força e chegou no seu ápice no minuto seguinte, desmaiando no peito dela.

Pernas trêmulas, coração acelerado, sorriso no rosto. Ele levantou a cabeça, sorriu, e ela disse:

- Acho que o programa travou, vamos ter que fazer o layout novamente...

08 julho 2016

Drible

Estava naquele tédio de rolar o mouse para baixo a procura de alguma coisa interessante no Facebook para ler. Surgiu uma notificação que uma página esportiva iria fazer uma transmissão ao vivo, como seu time ia jogar em pouco tempo, ela clicou para saber do que se tratava.

A semifinal do campeonato, que seu clube há tempos não chegava, não importava mais, apenas o repórter esportivo que fazia uma 'live' da sala de imprensa falando sobre o jogo.

Ele era lindo mesmo, ou era a carência, tpm, falando mais alto? A voz dele era uma delícia, ou ela estava ficando louca? O Lugano não ia jogar ou tava ouvindo coisas?

Aumentou o som e ouviu atentamente qualquer coisa que ele dizia, anotou nome, sobrenome e foi buscar mais sobre ele naquele canal, e em outras mídias sociais. Não encontrou muita coisa, mas viu sobre a agenda da equipe e próximos jogos que eles iam transmitir.

- - -

Contou os dias para o final de semana e foi até o estádio onde teria uma partida do outro campeonato. Seguiu até o estacionamento e procurou a van com o logo do canal, eles finalizavam uma chamada externa e estavam arrumando os equipamentos. Aproveitou que toda a equipe estava longe e chegou perto, um pouco sem jeito e chamou o repórter, que ficou sem entender. Explicou que tinha mandando mensagem para ele, dias antes fazendo uma aposta de quem passaria a semifinal, ele sorriu maldosamente e falou:

- Eu disse no ar que se o time da casa ganhasse, eu tiraria a camiseta.

- Eu comentei dizendo que se perdesse eu ficaria nua. - falou já sentindo sua bochecha ficar vermelha

- Foi 2x0... Acho que você perdeu...

- Vim aqui pagar a aposta
- disse ela indo em direção a ele e subindo no caminhão de transmissão.


Boquiaberto, ele apenas fechou a boca, a porta da van e sentou em uma das cadeiras. Ela riu vendo toda a aparelhagem atrás dele, cada monitor mostrando um ângulo diferente, os botões coloridos piscando e a voz dos locutores no estádio ecoando dentro daquele espaço pequeno.

- Coloquei a blusa vermelha em homenagem a meu time, agora vou tirá-la para você...

E na trilha começou a tocar o Hino Nacional, ambos riram e ela começou a tirar a camiseta conforme aquele ritmo retumbante. Dançava devagar encarando ele, e desabotoando cada botão como se fosse um passe preciso da bola para seu companheiro. O último botão foi aberto como a zaga adversária antes do primeiro lance de perigo.

- E começa a partida! - disse o narrador na tv.

Jogou longe o manto vermelho e virou de costas para ele driblando a vergonha. Enrolou como quem cobra um escanteio e abriu o zíper da calça lentamente e tirou a peça jeans que colava o corpo, e ficou apenas de calcinha e sutiã: a parte de cima preta e a de baixo, branca:

- Sou tricolor desde criancinha...

- Agora até eu sou - disse o repórter rindo


Ela se aproximou e sentou no colo dele, ele gemeu de dor dizendo:

- É falta perigosa! Amarelo!

Ele a segurou com força, suas mãos grudaram na pele dela como quem defende um pênalti decisivo. Massageava aquela pele nua enquanto beijava-lhe o pescoço e apertava suas costas. Ela o segurou pelo cabelo e acompanhava de perto aquela transmissão.

O time dele foi para o ataque, seus dedos subiram as costas dela pelo esquema 4-3-3 até chegar na área do sutiã. Com o time oposto pego de surpresa, passaram pela defesa perdida e fizeram um gol, jogando o sutiã longe para comemorar o feito.

Ele mordia-lhe o pescoço e lábios. 15 minutos do primeiro tempo, ela tinha que contra atacar. Suas unhas arranharam as costas dele, de cima até embaixo e tirou a camisa dele. Sentiu o time dele acordar depois desse movimento. Ele a levantou e a deitou na camiseta recém jogada no chão. Voltou a beijar os lábios da moça, desceu para o pescoço, seios e barriga. Mordeu. Apertava sua cintura enquanto sua mão gelada descia para tirar a calcinha branca. Beijou-lhe as partes e arrepiou - na trave!!

O centro avante dele estava cara a cara com o último dela, ambos faziam uma dança coreografada. O artilheiro dançava, driblava, zigzag, subia e descia, deixando o goleiro louco, perdido, atordoado - foi um golaço!

- 1x0 - falou o narrador da tv

Mordeu-lhe as coxas e foi subindo novamente até olha-la nos olhos. Ela ofegante, vermelha e descabelada. ele tirou o cabelo do rosto dela e deitou. Ela levantou, vestiu a calça, pegou a camiseta enquanto ele olhava sem entender. Sorrindo, ela disse:

- A aposta era para eu ficar nua, o resto ganhei de brinde... Parece que o jogo virou, né ?


- Olé!
- gritou a torcida depois de um drible

20 maio 2016

Curtida

Apareceu uma notificação no meu facebook, um número um em cima do mundinho; então cliquei para ver o que era.  Era um rapaz curtindo meu comentário num página famosa de humor vanguardista.

Até então meu blog, que havia publicado naquela página, era desconhecido, só amigos próximos conheciam, fiquei feliz ao ver outras pessoas curtindo e comentando.

Curti o comentário dele e a foto também, fui investigar o perfil dele, porém descobri pouca coisa, pois era bloqueado. Vi algumas fotos, família, amigos, cachorro, tatuagem - contando tudo isso mais o comentário gramaticalmente perfeito que ele fez a respeito do meu blog, fiquei endoidecida, mais ainda quando ele fez uma solicitação de amizade, que eu obviamente aceitei.

Trocamos algumas mensagens, uns elogios e muitas verdades. Ele disse que ficou encantado e excitado ao ler meus contos e eu surpresa, já que nem todo mundo é sincero assim.

A conversa fluía solta pela madrugada, sentia como se ele estivesse ao meu lado e fosse companheiro de longa data - sabe aquela coisa toda clichê? Para minha decepção, ele morava em outra cidade e estado, nem tudo era perfeito.

Já pelas três, agora conversando pelo whatsapp, a conversa começou a esquentar. Falavam sobre o corpo alheio, o cheiro, o calor, a vontade, desejos de morder, arranhar beijar. Ela mandou uma foto de lingerie, ele respondeu mostrando o volume da cueca. Às 4h ela já estava nua enquanto ele enviava um vídeo, ela enviou um logo em sequência e a conversa rendeu. Às 5h estavam em êxtase, coração acelerado, gozaram a vida de forma virtual e manual. Ela sorria ofegante sozinha na cama com as pernas bambas, no momento só sentia falta de uma coisa: da florzinha de 'gratidão' para mandar à página. 


02 abril 2016

Sabor doce

Era a quarta vez que ele dava um perdido nela, mandava mensagem atiçando, chamava para sair mas, no dia anterior ou no dia d, ele sumia, não respondia as mensagens - o que deixaria qualquer bravo.

Ela tinha apagado o número dele dos contatos no domingo, e na segunda achou estranho quando um número desconhecido mandou mensagem dizendo que ela havia sumido, já que eles não se falavam há mais de quatro meses - incrível como os homens tem radar para essas coisas.

Conversaram sobre o que não se falavam há tempos: família, trabalho, etc. Ele quis revê-la. Ok, ela aceitou, comentou que na sexta-feira seria um bom dia e que seria a última chance dele e combinaram o horário

Na sexta ela ligou, ele confirmou, ela sorriu um sorriso diferente, uma pena que ele não pode ver.

Foram em uma lanchonete conhecida, comeram lanches, dividiram a batata frita, tomaram milk shakes.  Ele entre uma mordida no hambúrguer e outra, dizia o quanto ela estava linda, cheirosa e que estava com saudades... Aquele milk shake de morango que ela tomava, nunca tinha sido tão gostoso.

Decidiram então ir para a segunda parte da noite, o sorriso dele ia de orelha a orelha, e ela com um irônico no rosto.

Ela escolheu uma suíte num motel que já tinha ouvido falar, uma que tinha uma barra para fazer striptease - o que o deixou mais animado e curioso, pois queria saber o que ela carregava na bolsa tão pesada e cheia.

Ligou uma música no quarto, ajustou a luz e pediu para ele sentar na cama. Começou a dançar lentamente próximo a barra. Enroscou a perna, deu dois giros e voltou para a frente dele. Dançava sensualmente, subia e descia fazendo charme com o vestido. Ele até sentou mais perto, depois ficou boquiaberto e imóvel.

Ela terminou a dança depois de ter jogado o vestido longe, usando uma lingerie roxa, que contrastava com sua pele branca. Perguntou se ele gostava, ele respondeu que sim e pediu que ela continuasse a tirar a roupa, ela falou só depois da surpresa.

Pediu para ele encostar na cabeceira da cama, ele o fez. Pegou sua bolsa pesada, colocou em cima da cama, de dentro tirou uma venda e cobriu os olhos dele. Passou uma perna por cima do quadril dele e sentou um pouco abaixo do peito. Da sua bolsa mágica tirou um "spray de chantili", apertou um pouco, colocou no dedo e deu para ele provar. Ele comeu e adorou, sorria cada vez mais. Então ela passou um pouco no peito dele e lambeu, deixando ele alucinado.

Ela levantou, colocou outra música para tocar, aumentou bem mais o som, tirou uma corda da bolsa. Amarrou os pulsos dele em cada ponta da cabeceira, bem firme para ele não conseguir soltar.

Escreveu mais coisas na barriga dele, se levantou (ficou em pé no colchão), balançou um pouco a cama, sem que ele entendesse o que acontecia e voltou para perto dele. Deu um selino na boca dele, que sorriu. Ele sentia a cama mais leve, depois ouviu um barulho de disparo de câmera de celular - que ela deixou alto de propósito para que ele ouvisse, enquanto tirava uma foto dele naquela posição.

- Você tirou foto?! - disse ele espantado sem conseguir se mexer

- Sim! Precisava registrar esse momento - falou a moça rindo

- Deixa eu ver!  - falou ele rindo também

Quando ela tirou a venda ele se surpreendeu, pois ela já estava vestida, mas ficou mais surpreso ao ver as fotos. Seus olhos se arregalaram, rosto ficou vermelho. Ela voltou a colocar a venda nele, pegou sua bolsa e foi embora batendo a porta, deixando os gritos e xingamentos dele sendo abafado pelas paredes e música alta. Agradeceu sua amiga, que trabalhava no motel que ela escolheu e disse:

- Espere mais meia horinha antes, depois você o salva - falou rindo e dando uma piscadinha irônica

Sentiu o gosto daquele milkshake, que ele tinha pago, na boca novamente e sorriu. O sabor era maravilhoso: sabor de vingança

Postou a foto na sua rede social com os dizeres: mulheres valorizem-se. Se você mesma não muda suas manias, imagine um cara imaturo e babaca?

A foto do cara vendado, rosto embaçado, possuía duas frases. Na barriga pichada de chantili dizia: "pinto pequeno" (ok, ela sabia que era bem infantil e imaturo, mas ela algo que ela precisava fazer e compartilhar). E na parede, acima da cabeça dele, um cartaz com os dizeres: "sou um babaca que deve respeitar mais as mulheres e não tratá-las como objeto".

E tudo ficou bem mais doce.


28 março 2016

Marcas

Ela fechava os olhos, não era de dor, era um pequeno incômodo repetitivo. Mordia os lábios, engolia seco e ignorava o arrepio frio.

- Foi você que pediu por isso! - disse ele continuando seu trabalho

Era a segunda tatuagem que ela fazia, mas desta vez queria um traço mais fino, no pulso, algo mais delicado, o que fez com que o tatuador se atentasse mais aos detalhes.

- Tá doendo? 

- Não! Só incomoda um pouco - falou a cara escondendo a cara de dor

Ela já o conhecia de outro lugar, porém nunca tinha tatuado com ele. Estava sem graça, falava baixo, pois, não tinha muito assunto. Sempre o achou bonito e ficava reparando no piercing que ele tinha na boca - nunca beijou um cara com um, como seria?

- ... faço o traçado mais vezes - ele terminou a fala

O que foi que ele havia dito? Ela doida nos pensamentos não ouvia o que ele dizia, só reparava na mão dele segurando forte seu pulso para não sair do lugar, enquanto a outra mão segurava a máquina e tatuava ela. Às vezes sua mão tocava a pele dele; estavam gelados, o ar condicionado esfriava o ambiente, o que era bom pra ela, pois não ficaria vermelha tão fácil. Ela sempre se perdia nos olhos dele, sempre achou que ele tivesse olhos de lobo, aqueles que saem para caçar.

- Como a agulha é fina, faço o traçado mais vezes - ele repetiu pois viu o rosto cheio de dúvidas dela

Com seu trabalho finalizado, pegou papel com algo para limpar e segurou gentilmente o braço dela, bem diferente da outra vez, era suave, bom, era interessante essa mistura de forte e suave.

Precisava fotografar a tattoo, para o trabalho dele, pegou uma câmera e a chamou para o andar de cima do estúdio, onde a iluminação era melhor. Lá deviam ser feito as tatuagens maiores, pois, tinham algumas macas abertas, o que aguçou o pensamento dela. 

Ele a chamou e posicionou em frente a uma parede, seus olhos de animal estavam mais claros e vivos. Segurou o pulso dela e o virou para si. Tirou a foto, sorriu e disse que tinha que embrulhar o desenho. Pegou papel filme, enrolou, colou crepe e fim.

Foi mais rápido do que ela esperava. Ele foi em direção a escada para descer e ela deitou em uma maca, disse que queria imaginar como era tatuar uma grande área do corpo. Tirou a blusa, pegou uma caneta que estava num balcão e escreveu algo na barriga.

- Vem ver! Acha que esta aqui vai doer?

Ele veio manso, olhos baixos com um sorriso sedutor no rosto e riu quando leu a frase:

- Essa eu faço agora e não vai doer nada.

Começou a beijar a barriga dela e foi subindo devagar, dessa vez ela fechava os olhos por outro motivo. O incômodo que sentia antes foi trocado por uma onda de calor, a pele gelada estava quente agora e a única dor que sentia era dele mordendo seus lábios.

O plástico em seu braço grudou na pele dele enquanto ele terminava de subir na maca, que balançou um pouco. Ela entrelaçou suas pernas no quadril dele, enquanto ele acariciava o pescoço dela.

- Meu outro tatuador não me tratou assim... Esta tatuagem vai sair mais caro!

- Isto é de graça! Agora se você quiser colorir sua tattoo, aí é outro esquema...- ele falou, colorindo a face dela

Em cima da maca bamba eles se beijavam, ficaram agarrados sentido um o corpo do outro. O peso do corpo dele fazia força sobre o dela, ela não conseguia se mexer, lembrou da força dele quando segurava seu pulso. Sentiu algo no corpo dele:

- É só minha agulha que está feliz de te ver... Doida pra te tatuar,sentir tua pele.

Depois de rir continuaram se beijando, ela passava a mão por debaixo da camiseta dele, enquanto ele a segurava pelo pescoço. As coisas começaram a esquentar e ficarem mais rápida, mais forte e apressada. Ele levantou o tronco para subir um pouco mais, porém a maca não resistiu e quebrou levando os dois para baixo.

Do andar de baixo ouviu-se um estrondo, que fez com que um outro tatuador subisse correndo as escadas. Ficou olhando a cena sem entender: a maca quebrada e os dois gargalhando no chão. 

No dia seguinte a tatuagem coçava, o roxo da perna doía, mas a lembrança do momento ficava. Tem marcas que são permanentes.

19 janeiro 2016

Sinuca

- Bola 3 caçapa da direita

Ele disse isso no meio da sua sala apenas de cueca e meias. Ela ria de calcinha e sutiã, haviam acabado de criar um jogo, uma mistura de sinuca com strip-tease - a cada bola acertada o outro deveria tirar uma peça de roupa.

Às 2 horas da madrugada o sono e a bebida já tomavam conta dos dois, a euforia, sorrisos eram sinais que estavam se divertindo e a noite ia demorar para acabar.

- Se eu acertar aquelas duas de uma vez, quero um strip em cima da mesa.- ele falou rindo das próprias palavras

- Se você errar, quem faz uma dança sensual é você, mas pode ser no chão.- ela complementou a frase com uma piscadinha

O sorriso dele era mais enigmático que o da Monalisa. Ela engoliu seco, já sabendo que ele sempre jogava sozinho em casa, já imaginava que ele acertaria e ficou imaginando como seria subir na mesa, com qual música faria a dançaria, quais seriam seus movimentos.

Bem na hora da tacada ela apoiou os cotovelos na textura verde, deixando seu volumoso decote a mostra e disse:

- Bate com força que a vitória é garantida!


O olhar dele foi desviado do jogo e se uniu a um arrepio na espinha, um sorriso safado e uma contração involuntária no braço fazendo-o errar o movimento e a tacada. A gargalhada dele explodiu na sala junto com um cara de cachorro pidão e triste.

- Ok! Como prêmio de consolação eu vou dançar para você. 

Ela virou de costas para mesa e com as mãos apoiadas nela, deu um impulso e subiu na parte de madeira. Pediu que ele colocasse uma música e começou a dançar ainda de costas para ele. Cruzava e descruzava as pernas no ritmo selecionado. Deitou no verde e elevou suas pernas para o ar, como se pedalasse devagar, abria e as fechava como um leque. Virou-se devagar e ficou de quatro na mesa, encarando ele, foi engatinhando em sua direção. Ficou de pé e pegou um dos tacos que estavam ali apoiados, simulou com ele um pole dance. Rebolava, dançava, subia e descia lentamente segurando o taco. Rodopiava em volta dele, virou de costas para o rapaz e desceu, deixando ele cara a cara com sua calcinha. Subiu mais uma vez e de olho nele, abriu o sutiã deixando os seios a mostra. Com o taco pegou a lingerie e colocou na mãos dele. Largou o taco e foi se aproximando dele. Sentou na mesa e disse prendendo ele com as pernas:

- O resto você tira.

Ele a agarrou e a levou para o sofá deitando-a enquanto tirava sua calcinha. Ela gostava daquele sofá, já tinha vivido momentos ótimos com ele ali, tinha saudade e foi como relembrar tudo, ele fez igual a última vez, que ela tinha gostado muito. Começou beijando seus pés, descendo para o tornozelo, perna, joelho, coxa até chegar na virilha, onde lambia devagar. Ela segurava os cabelos dele enquanto sentia ser invadida por um língua ágil e molhada. Ela se contorcia e ele se divertia, sua barba esfregava na pela dela e seus dedos passeavam pela pela macia e cheirosa dela, até chegar no quadril largo que foi bem apertado por ele. Ambos coreografados de modo que ela não parasse de gemer em nenhum minuto, e funcionou Ele alternava: movimento mais devagar e outros mais rápidos com movimentos retos contra os circulares. Ele sabia o que fazia, diminuiu tudo e parou por um instante e antes que ela pudesse abrir os olhos para reclamar, ele continuou e era muita energia e sintonia, no minuto seguinte ela gozou.

Ele se levantou, posicionou seu corpo em cima do dela, o encaixe foi perfeito, assim como as unhas dela nas costas dele, mas antes ele gritou:

- Bola 8 na caçapa do meio!