02 abril 2016

Sabor doce

Era a quarta vez que ele dava um perdido nela, mandava mensagem atiçando, chamava para sair mas, no dia anterior ou no dia d, ele sumia, não respondia as mensagens - o que deixaria qualquer bravo.

Ela tinha apagado o número dele dos contatos no domingo, e na segunda achou estranho quando um número desconhecido mandou mensagem dizendo que ela havia sumido, já que eles não se falavam há mais de quatro meses - incrível como os homens tem radar para essas coisas.

Conversaram sobre o que não se falavam há tempos: família, trabalho, etc. Ele quis revê-la. Ok, ela aceitou, comentou que na sexta-feira seria um bom dia e que seria a última chance dele e combinaram o horário

Na sexta ela ligou, ele confirmou, ela sorriu um sorriso diferente, uma pena que ele não pode ver.

Foram em uma lanchonete conhecida, comeram lanches, dividiram a batata frita, tomaram milk shakes.  Ele entre uma mordida no hambúrguer e outra, dizia o quanto ela estava linda, cheirosa e que estava com saudades... Aquele milk shake de morango que ela tomava, nunca tinha sido tão gostoso.

Decidiram então ir para a segunda parte da noite, o sorriso dele ia de orelha a orelha, e ela com um irônico no rosto.

Ela escolheu uma suíte num motel que já tinha ouvido falar, uma que tinha uma barra para fazer striptease - o que o deixou mais animado e curioso, pois queria saber o que ela carregava na bolsa tão pesada e cheia.

Ligou uma música no quarto, ajustou a luz e pediu para ele sentar na cama. Começou a dançar lentamente próximo a barra. Enroscou a perna, deu dois giros e voltou para a frente dele. Dançava sensualmente, subia e descia fazendo charme com o vestido. Ele até sentou mais perto, depois ficou boquiaberto e imóvel.

Ela terminou a dança depois de ter jogado o vestido longe, usando uma lingerie roxa, que contrastava com sua pele branca. Perguntou se ele gostava, ele respondeu que sim e pediu que ela continuasse a tirar a roupa, ela falou só depois da surpresa.

Pediu para ele encostar na cabeceira da cama, ele o fez. Pegou sua bolsa pesada, colocou em cima da cama, de dentro tirou uma venda e cobriu os olhos dele. Passou uma perna por cima do quadril dele e sentou um pouco abaixo do peito. Da sua bolsa mágica tirou um "spray de chantili", apertou um pouco, colocou no dedo e deu para ele provar. Ele comeu e adorou, sorria cada vez mais. Então ela passou um pouco no peito dele e lambeu, deixando ele alucinado.

Ela levantou, colocou outra música para tocar, aumentou bem mais o som, tirou uma corda da bolsa. Amarrou os pulsos dele em cada ponta da cabeceira, bem firme para ele não conseguir soltar.

Escreveu mais coisas na barriga dele, se levantou (ficou em pé no colchão), balançou um pouco a cama, sem que ele entendesse o que acontecia e voltou para perto dele. Deu um selino na boca dele, que sorriu. Ele sentia a cama mais leve, depois ouviu um barulho de disparo de câmera de celular - que ela deixou alto de propósito para que ele ouvisse, enquanto tirava uma foto dele naquela posição.

- Você tirou foto?! - disse ele espantado sem conseguir se mexer

- Sim! Precisava registrar esse momento - falou a moça rindo

- Deixa eu ver!  - falou ele rindo também

Quando ela tirou a venda ele se surpreendeu, pois ela já estava vestida, mas ficou mais surpreso ao ver as fotos. Seus olhos se arregalaram, rosto ficou vermelho. Ela voltou a colocar a venda nele, pegou sua bolsa e foi embora batendo a porta, deixando os gritos e xingamentos dele sendo abafado pelas paredes e música alta. Agradeceu sua amiga, que trabalhava no motel que ela escolheu e disse:

- Espere mais meia horinha antes, depois você o salva - falou rindo e dando uma piscadinha irônica

Sentiu o gosto daquele milkshake, que ele tinha pago, na boca novamente e sorriu. O sabor era maravilhoso: sabor de vingança

Postou a foto na sua rede social com os dizeres: mulheres valorizem-se. Se você mesma não muda suas manias, imagine um cara imaturo e babaca?

A foto do cara vendado, rosto embaçado, possuía duas frases. Na barriga pichada de chantili dizia: "pinto pequeno" (ok, ela sabia que era bem infantil e imaturo, mas ela algo que ela precisava fazer e compartilhar). E na parede, acima da cabeça dele, um cartaz com os dizeres: "sou um babaca que deve respeitar mais as mulheres e não tratá-las como objeto".

E tudo ficou bem mais doce.