27 setembro 2016

Vale night

Era mais um show da sua banda favorita, desta vez iria ser num barzinho na Faria Lima.

Adorava aquele trio. Curtia o baixista, amava o vocalista, mas tinha tesão pelo baterista - era quem ela estava ansiosa para ver novamente, principalmente se estivesse com o macacão laranja do figurino; já até o imaginava segurando na baqueta. Mas ele melhor não pensar nele segurando coisa algo, era muito cedo para aquilo.

Porém, antes do show começar, na entrada ela ganhou um 'vale drink' da recepcionista do local e foi na hora que ela viu o rapaz que servia as bebidas que ela decidiu beber e até esqueceu do baterista. Não era fã de bebidas alcoólicas, muito menos daquilo que ele ia misturar no copo com gelo, mas aceitou só para chegar perto dele.

Era o tipo físico que ela sempre admirava na rua: alto, magrelo, cabelo compridos até o ombro, tatuagem e um sorriso no rosto - que a deixou de pernas bambas mais rápido que a bebida.

Perguntou qual bebida era, e ele repetiu três vezes e não era uma técnica para falar mais com ele, mesmo querendo isso, era pelo fato da bebida ter um nome estranho. Sorriu, pegou seu copo e seguiu sua amiga até uma mesa, mas com vontades de voltar lá para frente.

O bar era escuro, tinha uma decoração que mesclava o velho oeste com outras mil coisas. Na parede tinham quadros, posters de filmes, antigos, de shows, fotos, cabeça de animais e outras doideiras que se estendiam até o banheiro, que nesse estabelecimento, era misto - sim, homens e mulheres no mesmo local.

Enquanto o som ambiente tocava, aproveitou para comer com as amigas e tomar algo, pois o drink que recebera ficou no canto da mesa com o gelo boiando.

Da sua mesa viu o rapaz indo até o banheiro e teve uma ideia, esperou que saísse e entregou um bilhete com os dizeres "vale night". Ele entortou a cabeça para o lado e sem entender, perguntou o que era:

- Você me deu um "vale drink" para eu curtir a noite, eu te dou um 'vale' para você curtir a sua e não ficar só ali parado servindo drinks...

Ele sorriu maliciosamente, as pernas dela bambearam na mistura do sorriso com a bebida da mesa. Ele pegou na mão dela e a puxou para dentro de um banheiro desocupado, que era decorada com fotos de artistas com passagem pela polícia - aquela famosa foto com uma placa como nome e um número - e pensou qual crime iria cometer com ele no momento.

Ele a posicionou na parede e se aproximou para beijá-la. ela não resistiu e passou a mão pelos cabelos dele o trazendo para mais perto.

Diferente da bebida que esse moço servira, o beijo foi delicioso desde o primeiro gole. As mãos dele que invadiram a camisa dela estavam geladas pelo gelo que trabalhara antes, as dela, pelo nervosismo.

O quadril deles se atraíram como imãs. A garota o agarrava pelo pescoço e o puxava pelos cabelos, e ele apertavam as coxas e a bunda dela.

O som do bar. uma balada rock'n'roll dos anos 90 era interrompido pelas batidas na porta, mas o casal não se importava, muito menos agora quando ele estava sem camiseta e ela com o sutiã aberto.

Os lábios dele percorriam um caminho que ia da boca dela até o umbigo, passando carinhosamente pelo pescoço, seios e barriga. Ela o puxou pelo cabelo de volta para cima e desta vez as bocas que foram atraídas como imãs. A mão dele então percorreu outro caminho, para dentro da calça da moça ela percebeu que seus dedos não estavam mais gelados, estavam quentes como o resto do seu corpo.

Ele não era só bom mexendo os drinks, ele sabia como mexer os dedos, sabia usar a mão - sabia bem! Era ágil e sabia do gosto da cliente e depois de umas misturas e rodopios, o coquetel dela ficou pronto.

Ela se curvou de prazer sobre os ombros dele e gemia no seu ouvindo, deixando o rapaz mais empolgado. Ela então quis retribuir o feito e começou a mexer no drink dentro da calça dele. Queria uma batida forte, que ele lembrasse, então bateu devagar, com jeito, no ritmo da música que tocava, de uma maneira que ele parecia gostar, e gostou. Gozou na privada e ficou em silêncio curtindo o prazer que aquela mistura lhe oferecia.

Ficaram ali na cabine em silêncio por uns bons momentos em paz, aproveitando a pele quente e o coração acelerado.

Lá fora o público vibrava, a banda que ela foi ver tinha subido no palco. Colocou a camisa, ia arrumando a saia para sair dali, mas foi impedida. Ele trancou a porta e foi com seu corpo acima do dela.

Desta vez a música e o beijo eram diferentes, a timidez e nervosismo ficaram de lado. Ele abriu a blusa dela com força e estorou todos os botões e ela mesmo arrancou o sutiã.

Tirou a camiseta dele com a mesma vontade que ele arrancara a dela. Precisava ver aquelas costas nuas, pois já tinha se apaixonado por elas quando entrou no bar. Tinha tesão naquele trapézio definido, suas mãos percorreram aquela área toda.

A primeira música mal tinha terminado e eles já estavam nus naquele cubículo com os corpos suados, entrelaçados e agora encaixados.

A segunda música era mais forte e rápida, a batida na bateria marcava o movimento do quadril dos dois. Era o dobro do desejo, da vontade, quando por um segundo ela pensou no baterista.

Agarrou com força o pescoço do rapaz puxando seus cabelos e com suas pernas deu um nó na cintura dele, enquanto ele a segurava por baixo, apoiando o corpo dele às vezes na parede.

Na terceira música ela empurrou o corpo dele e o fez sentar na privada, era algo mais devagar, canção de amor, dava para descansar um pouco.

Os lábios voltaram a se encontrar. As mãos percorrendo a pele quente do outro. E o quadril encaixado num movimento continuo e repetitivo.

Entre a quarta e a quinta música ambos gozaram e curtiram aquele momento.

Ela se levantou e se vestiu, disse que queria ver o resto do show. Antes de sair o rapaz entregou um vale para ela:

- Volta outro dia que te dou um drink melhor.

Foi o melhor show que ela assistiu.

tugostaque@gmail.com

19 setembro 2016

Extravagance

Havia passado a tarde com mais cinco amigas numa boutique de produtos eróticos. A conheceu online viu algumas fotos da loja e achou interessante. Sempre teveaquele preconceito com esse tipo de estabelecimento, pois a maioria é voltado para o pornográfico e você já se imagina entrando na loja e levando uma pintada de borracha na cara - porém, nessa loja era diferente.

Era simples, bem decorada e organizada. Os produtos que poderiam assustar, aqueles de couro para o pessoal masoquistas, eram colocados nas prateleiras altas, longe da altura dos olhos e dos sustos do coração.

Vibrador, consolo, gel, óleo para massagem, para beijar, para dar cheiro, lingerie, algemas, livros e uma porção de outras coisas que elas se divertiam olhando, imaginando e perguntando para a simpática atendente que respondia tudo com atenção e sempre dando ótimas dicas e compartilhando experiências.

Por ter indicado a loja para as amigas, a moça ganhou delas um kit que vinha em uma embalagem transparente em formato de coração, tinha uma calcinha, um dado de posições e um óleo de massagem.

Chegando em casa, fotografou seu kit e postou no instagram com a legenda "pronta para brincar". Algumas horas depois tinha algumas curtidas, comentários e leu um que te interessava:

- Vai brincar com quem? Esse jogo é bom a dois! - disse um rapaz que apenas conhecia online e achava uma graça


Na mensagem privada ela respondeu dizendo que não tinha com quem brincar, que o kit ganhou das amigas.

- Não pode desperdiçar um presente assim. - ele disse

- Se quiser eu dou pra você!

- Eu quero! 

Ela sabia onde ele trabalhava e o surpreendeu na saída do expediente no dia seguinte. Admirado com ela, perguntou boquiaberto o que ela fazia ali, reparando no vestido verde e curto que usava.

- Vim aqui 'dar' para você... Não era o que queria?!


Ele ria do duplo sentido e a chamou para um hotel ali perto, ele receoso e ela rindo por dentro. Ao chegar lá ele sentou na cama depois de abaixar a luz, e ela tirou de dentro do decote o dadinho de posições e disse:

- Pronto para brincar?

- Pronto!


O dado quicou no colchão e caiu com uma face voltada para cima, a posição era o homem embaixo, mulher em cima e de costas - posição que ela adorava. Tirou o vestido devagar e foi na direção dele usando apenas a lingerie. Ele reparou na 'calcinha do kit' enquanto ela beijava o pescoço dele, em troca ele acariciou-lhe as coxas. Ela sentou no colo do rapaz fazendo suas coxas apertarem as dele, sentia que ele estava excitado e isso a animava.

As mãos masculinas percorreram as costas da moça até abrir o sutiã rendado. Os seios dela apontavam para ele que os beijou com vontade, às vezes mordia devagar.

Ela segurava a cabeça dele passando os dedos pelo cabelo liso daquele que a beijava. Os dedos passaram do pescoço até chegar na gola da camiseta, puxou devagar para tirá-la Se ajoelhou para desamarrar o tênis do moço, ele por sua vez tirava o cinto, abria o zíper e ia descendo a calça jeans.

Ainda de joelhos ela passava a mão nos tornozelos dele e ia subindo, passando as pontas dos dedos na pele dele, o deixando arrepiado. Depois de passar pelo joelho e coxa, chegou na virilha, onde assoprou gentilmente, enquanto suas mãos massageavam o conteúdo ereto perto dos olhos dela.

Jogou a cueca longe e com a língua massageou o kit completo do rapaz - que apoiado na cama aproveitava o carinho e aquela visão. Ela pegou o óleo de massagem e passou nas partes dele, além de deixar um gostinho de morango, fazia a pele ficar gelada. Ela de surpresa colocou um 'anel peniano'- vinha no kit também, era feito de silicone e se ajustava bem, ajudava o cara a ter mais prazer. Ele gostou da inovação e a puxou pelo braço. Voltaram a se beijar e ela sentou no colo dele e massageando a base do anel até a outra ponta e ele a acariciava, fazendo ela ter pequenas contrações.

Ficou de costas para ele, se posicionou e pegou na mão dele, pedindo ajuda para o encaixe - que foi perfeito que até mordeu os lábios. Uma das mãos dele segurava o encaixe e a outra um seio, a barba dele roçava no pescoço dela, que por sua vez segurava firme as coxas dele, como o desenho no dado.

A cama rangia no ritmo dele e ia aumentando o som conforme aumentava a velocidade do casal. A moça muitas vezes gemia fora do rimo, desafinava, mas ele não se importava, ele ficava louco de vontade a ouvindo.

Cravou as unhas nas coxas dele que a agarrou com força pela cintura e com força a penetrava mais rápido, mais forte fazendo a cama ranger e pular assim como o cabelo dela.

A última nota que ela gemeu a deixou mole, ele a segurou e a deitou na cama. Ele deitou por cima do seu corpo quente, era ele que precisava cantar a última nota agora. Com as mãos na cabeceira da cama, encaixou seu corpo no da moça, que mordeu novamente os lábios, gemia baixinho mais pela falta de ar provocada por aquele corpo em cima dela.

Desta vez a cama não se mexeu muito. As pernas dela cruzaram pela cintura dele que tomou conta da situação. Fez aquilo que mais gostava, fez movimentos lentos depois mais rápido até coração acelerar e soltou a última nota. Deitou no corpo dela ofegante e satisfeito.

Ele acordou na cama, coberto por um lençol. Viu pelo celular que havia cochilado alguns minutos. Silêncio no quarto. Acendeu o abajur, estava sozinho. Viu no canto da cama uma embalagem transparente em formato de coração. Lá dentro uma calcinha, o dado, óleo e um bilhete:

- Eu falei que ia dar pra você.

02 setembro 2016

Passageiro

As pernas dela estavam encaixadas nas dele que estavam abertas. As panturrilhas se tocavam e os joelhos se apertavam às vezes. É sempre constrangedor viajar no ônibus sentada nesse banco de frente para o outro.

Ele era moreno, cabelo escuro como a noite, camisa social azul clara que ficava justa nos braços largos. O peso da semana lhe caiu nas costas, tinha a expressão cansada. Encostado na vidro às vezes cochilava, às vezes olhava o movimento da rua. 

Eu tentava não encará-lo, não notar sua forte presença na minha frente era difícil. Eu revezava entre trocar de música no celular, mudar a trilha sonora que ouvia enquanto decorava cada detalhe do corpo dele ou digitava qualquer coisa no celular.

De dentro da minha bolsa tirei meu espelho da minha necessaire. Fui ver o que restou da maquiagem no fim da noite de sexta. Olhei meu batom rosa pouco apagado, tirei um pouco do lápis preto no canto do olho e num movimento ousado olhei adiante, além do espelho. Vi o homem grande e forte sentado na minha frente me encarando e de susto, diminuir de tamanho acanhado - eu nem precisava mais olhar no espelho, pois sabia que eu devia estar com um blush renovado, rosa de vergonha.

O cansaço do meu dia havia se renovado juntamente com minha auto estima ali naquela troca de olhares.

Ele estava incomodado, cansado, olhava sem parar o iphone dele e eu notando cada detalhe, querendo dizer:

- Quer conversar?

Desceu uns 5 pontos de onde moro e mais uma vez perdi a chance de falar com alguém que me inspirasse e instigasse tanto.

Quem sabe numa próxima viagem o destino não transforme o que é passageiro em algo duradouro.