21 novembro 2021
Baterista
17 julho 2021
Ela
Chego no seu prédio, falo com o porteiro,
Entro no elevador, sorrio por detrás da máscara,
Mordo os lábios pensando
E sinto um tesão absurdo.
Adoro pensar que o porteiro e o segurança
Devem achar que sou "a outra",
Pois sei que ela te visita às vezes -
Talvez outras também passem pelo seu quarto -
Mas eles não sabem que não ligo!
Por isso rio escondida.
Me finjo de desentendida,
A mocinha indefesa que está sendo enganada.
Subo o elevador arranhando as paredes,
Roçando as pernas, calor.
Chego na tua porta já querendo seu corpo,
Seu cheiro, seu gosto.
Quero ver se tem novas marcas na tua pele,
Perfume dela? Batom?
Não tem arranhões?
Então eu mesma faço!
Queria ter o prazer de invadir sua cabeça algumas vezes,
E misturar as cenas, falas e memórias,
Lembrar que você me comeu nesta cama
E ela também -
Se você fechar bem os olhos deitado na cama, pode sentir:
eu de um lado, ela de outro.
Enquanto ela morde sua orelha esquerda,
Eu dou lambidas na sua direita,
A gente desce até o pescoço
Alternando entre mordiscadas e beijos,
Caminhamos até seu peito.
Dei sorte e estou no lado onde tem sua tatuagem,
Sorrio e beijo lentamente o desenho,
Ela morde seu mamilo te olhando, provocando.
Seguimos juntas, descendo.
Você se contorce de cócegas sentindo nossos cabelos passando pela sua barriga,
Chegamos até seu membro ereto.
Eu olho para ela que me sorri,
Encaramos você que engole em seco
E com um olhar pedinte implora para que a gente continue.
E a gente continua.
Massageio suas bolas devagar,
Ela chega junto umedecendo os lábios,
Eu te dou uma lambida por inteiro,
Ela observa, depois faz o mesmo.
A saliva dela desce da cabeça,
E escorre por todo seu pau,
Ela te abocanha ao mesmo tempo em que eu faço outros movimentos -
Depois de brincarmos pelo seu corpo todo
Ela e eu estamos em sincronia:
Enquanto ela te chupa,
Eu te masturbo.
Sinto sua pele úmida ficando quente,
Sinto uma energia pulsante enquanto minha mão sobe e desce,
Te aperto um pouco,
Solto,
Subo devagar e desço mais rápido;
Quanto mais eu desço, mais ela te coloca na boca.
Te chupa, suga, te engole,
Eu tiro os cabelos da frente do rosto dela,
Ela continua, faz movimentos circulares com a língua,
Você puxa o lençol, geme baixinho,
Agora eu coloco minha boca em ação também,
Ela te chupa por cima,
Eu te lambo por baixo,
Lambo seus testículos
E vou subindo até encontrar a língua dela.
É a primeira vez que a gente se toca assim,
Nossas línguas se encontram,
A gente se beija.
Uma das mãos dela continua te masturbando enquanto a outra pega minha bunda,
Eu acaricio os seios dela enquanto a gente se beija.
Ela me solta e senta em você -
Eu fico ao lado, observando -
Devagar ela te pega e penetra - fundo como você gosta -
Eu vejo como olha para ela, seus olhos se cruzam
E eu sinto a tensão, tesão no ar -
Mas se antes tinha ciúmes, hoje isso me excita.
Ela sobe e desce raspando as coxas nas suas
Segura o cabelo e inclina para trás.
Eu mordo os lábio e continuo admirando a cena,
Começo a me tocar.
Ela te aperta com as coxas,
Geme alto, fecha os olhos,
Faz mais rápido, mais forte, mais alto,
Eu sigo os movimentos dela, mas com meus dedos,
Mais rápido, mais forte,
Mais e mais.
Me contorço,
Mordo os lábios,
Sinto sua mão quente me tocando,
Pegando meus seios,
Abro os olhos e te vejo me olhando,
Me puxa e me beija.
Eu levanto e sento quase no teu peito,
Continuo indo mais rápido, mais forte,
Sinto minhas coxas trêmulas, estou quase.
Me toco, mas quero te sentir também,
Coloco uma das mãos pra trás e pego no teu pau,
Te masturbo enquanto me toco.
Agora a gente está no mesmo ritmo,
Na mesma velocidade e frequência.
Você agarra minhas coxas com força - já entendi -
Inclino pra frente, te sinto latejar na minha mão,
Subo e desço batendo forte meu corpo no teu
Sinto meu clitóris em chama, irradiando uma energia crescente,
Arranho seu peito enquanto gozo
E deixo um gemido escapar da minha boca,
Você aperta minha bunda me trazendo pra baixo,
E gozando nas minhas costas.
Meu coração está acelerado, estou ofegante - você também-
Sinto suas pernas trêmulas embaixo de mim,
Saio de você e deito ao seu lado.
Quando acordar, você que escolhe,
Se ela esteve aqui ou não,
Se quer ela aqui de novo, ou não.
Por mim, tanto faz, ninguém vai descobrir por que rio no elevador
24 fevereiro 2021
Carnaval
Verão. Calor. Pouca roupa. Saudades de carnaval.
Música. Coreografia. Muvuca. Bebida. Gente. Fantasia.
Mas eu sempre preferi o silêncio.
Sem muvuca. Só nos dois.Sem fantasia. Pode ter acessórios e música.
Independente da estação com você é sempre verão.
Calor.
Chega que o suor escorrega,
Pele derrete.
Vem comigo atrás do trio que quero ver sua banda passar
Confete cair
Bebida acabar
Nós dois se beijar
Até a festa acabar.
09 fevereiro 2021
Foto
Verão. Calor.
Topei.
Ambos estavam respeitando a quarentena e por isso, subindo pelas paredes.
Já tinha visitado sua sala com seus instrumentos,
Violão, baixo, teclado, bateria,
Mas o que não conhecia era seu brinquedo novo:
câmera fotográfica.
Ele falou que sempre quis ter uma
E conseguiu comprar naquele mês.
Estava estudando as funções, lentes e luzes -
Era uma criança com seu brinquedo de Natal.
Uma taça.
Conversamos sobre a vida, trabalho, pandemia,
Outra taça.
Peguei as baquetas da bateria,
Tamborilei alguma coisa no surdo,
Toquei umas notas no teclado
E peguei seu violão.
Queria que ele me colocasse em seu colo
Dedilhasse pelas minhas cordas
E fizesse sair som dos meus lábios
Como do baixo que toca.
Ele sorriu do meu poema
Deixou a taça de vinho em cima da mesa
E pegou sua câmera.
Eu ri de nervoso e ele me fotografava.
Eu fingia que tocava alguma coisa
Enquanto ele procurava ângulos para fazer seus registros.
Mais uma taça,
Precisava beber, me soltar, perder a timidez,
Tentar encarnar a modelo.
Se aproximou. Clicou.
Ajoelhou. Focou. Clicou.
Sentia meu rosto ficando vermelho,
Queimando, de vergonha e pelo vinho.
Calor.
Levantei.
Ele se aproximou me beijou
E vagarosamente tirou minha blusa.
Calor.
Fiquei de calça e sutiã.
Fui até o teclado,
Ele atrás de mim,
Tirou fotos das minhas costas
Quase nuas cobertas pelo cabelo.
Se ajoelhou
Beijou minha cintura
Me mordeu, me virou.
Abriu meu zíper,
Me levantou,
Tirou minha calça.
Me puxou pra perto,
Me deu um cheiro,
Outro beijo
E me chamou para o chão,
No seu tapete felpudo.
Deitei apoiada nos cotovelos
Ouvi um disparo da máquina,
Sorri.
Senti as mãos geladas dele percorrendo minha coluna,
Abriu meu sutiã,
Deitei sentindo cócegas nos meus seios.
Ele andava de um lado para outro.
Cliques. Ângulos. Luzes. Sombras.
Outra taça.
O calor que sentia agora era diferente.
Virei para ele, pedi que se aproximasse.
Se ajoelhou.
Tirei a câmera das suas mãos,
Puxei ele para perto e o beijei.
O resto da história não foi fotografado,
Ficou registrado na nossa memória.
31 janeiro 2021
Torcida
Faz anos que não ligo para futebol
Deixei de acompanhar.
Mas te ver com seu manto verde
Rezando, torcendo, vibrando,
Fez vibrar coisas em mim que há tempos não sentia.
Hoje vou torcer pro seu time
Enquanto você joga no meu campo.
Cobra um tiro de meta
Passa a bola pro zagueiro
Toca pro lateral
E volta pro meio.
Vem tocando pro centroavante
Dribla o adversário
Cruza para o atacante
Que de cabeça faz um golaço.
Você nunca vai estar impedido
Não precisa de VAR
Pois não vou te anular
É seu gol, seu título, sua glória.
Agora tira sua camiseta
E vem fazer marcação cerrada
Corpo a corpo em cima de mim.
Vamos ver se você merece mesmo esse título.
28 janeiro 2021
Equação
Eu sou de humanas
Entendo mais de letras do que de números
Mas quis somar aquilo que vi tatuado no teu peito
Sentada no teu colo
Olhando pra você
Te lia como se fosse em braile
Meus dedos passeavam pelas linhas pretas do seu tórax
Tentando entender a cronologia das datas
Há quanto tempo te conheço?
Quando nos vimos pela primeira vez?
Quando será nossa última vez?
Enquanto você apertava minha coxa,
Deslizava sua mão pela minha bunda,
Senti seu membro se mexendo embaixo de mim;
Desses números eu entendo:
Você + eu
Sua língua + minha boca
Seu calor + minha pele
Seu cheiro + meu gosto
Seu sexo + meu desejo
Tudo se soma, se une,
Muitos elementos de uma equação que dá sempre certo