21 novembro 2021

Baterista



- Talvez seja a lente do meu óculos, mas você fica muito mais gostoso em cima do palco! - ela falou ao pé do ouvido dele...


    Eles já haviam se conhecido, se seguiam no Instagram, mas era a primeira vez que se falavam ao vivo. Ela já tinha ido em alguns shows dele, porém nunca tinha tido coragem de conversar depois, só online. Além da vergonha, da baixa auto estima, sabia que não podia “competir” com as mulheres dos bares e shows que ele participava; então ela preferia ser fã e admirar apenas de longe.

    Um dia ele publicou um vídeo curto tocando uma música que estava sempre em alta, era tendência nos aplicativos; ela sabia que música era, mas nunca tinha ouvido inteira, só um trecho e outro em vídeos virais. Então pesquisou para ouvir inteira, gostou e foi rever o vídeo do baterista. Ela reviu inúmeras vezes e em cada repetição ela reparava em detalhes diferentes: nas suas mãos segurando a baqueta, na força dos movimentos batendo nos pratos, nos pés tocando os pedais, na coluna ereta, na postura correta, nos cabelos se movimentando com ritmo tocado. Ficou presa no vídeo, presa num repeat.

    Dias depois estava trabalhando, deu play na playlist das mais tocadas do mês e começou a tocar A música. Inconscientemente ela mordeu os lábios, teve uma palpitação e ficou com tesão, aí se lembrou do baterista; a música no seu inconsciente já estava associada ao corpo dele. Como será que era ao vivo? Mudou de faixa para voltar a se concentrar no trabalho e esquecer aquele sentimento.

    Na semana seguinte o modo aleatório voltou a surpreendê-la, dessa vez estava no ônibus voltando para casa. Fechou os olhos e imaginou ele tocando. Ela olhava de longe, enquanto ele tocava seus olhos se cruzavam e ele sorriu. Ela foi se aproximando e atrapalhou sua batida, segurou um de seus braços e sentou no colo dele, pediu que ele continuasse tocando a bateria enquanto ela tocava seu corpo. Tirou seu cabelo do rosto e beijou sua testa, olhos, boca e desceu pelo pescoço. Foi trabalhoso, mas conseguiu tirar sua camiseta nesse tempo, ele tocando apenas os pedais. Voltou a beijar sua boca, segurou forte seus cabelos e voltou para o pescoço, foi baixando pelo peito. Seus beijos seguiram no ritmo da música. Da barriga subiu até o peito lambendo seu corpo, queria beijar seus braços e suas mãos mágicas, aproveitou para abusar de suas tatuagens no seu antebraço - outra coisa que ela tinha muito tesão. Depois foi a vez dele que a puxou para perto e a beijou, a segurou pelo pescoço enquanto suas mãos arrancavam o vestido da moça

    Ela sentiu a baqueta se movimentando dentro da calça dele, abriu o zíper. Era um movimento complicado - silêncio - ele ficou um instante de pé tirando rapidamente o tênis, calça e cueca; a música voltou a tocar no instante que ele sentou, e ela sentou de novo no colo dele. Talvez já fosse outra batida, ela já não se importava, pegou na baqueta dele e tentou acompanhar o ritmo que ele impunha, ela gostava disso: dele no comando.

    Ele largou uma das baquetas e apertou uma das coxas e pernas dela com força, com desejo, começou a beijar seu pescoço, abriu seu sutiã, se abaixou para beijar seus seios e os mordeu, ela gritou! Ele soltou a outra baqueta e a abraçou com força, num movimento rápido e de expert, colocou a calcinha dela de ladinho, a levantou e a penetrou. Ela arqueou as costas e gemeu - o gemido foi alto que até silenciou a bateria.

    Ela sentada nele o prendia com suas coxas, subia e descia no colo dele. Ele com suas mãos inquietas brincava com seios e com clitóris dela que mordia os lábios de prazer. O suor fazia os dois ficarem mais presos, mais colados, ele sussurrava no ouvido dela palavras que a faziam delirar. Ela pediu que ele não parasse, pois ele estava tocando num ponto perfeito. Ela estava quase lá, mas não queria gozar assim. Conseguiu pegar o celular dele que estava no chão e deu play naquela música. O tesão cresceu mais ainda, ela pedia pra ser mais forte, mais rápido. Ele a beijou e acelerou enquanto ela arranhava as costas dele. Ela sentia um calor crescente e sentava e subia nele mais e mais rápido. Ele começou a se descontar nos pedais da bateria e acompanhar o ritmo da música e do corpo dela. Ela gozou e gemeu no meio do refrão mordendo o ombro dele. Ele agarrou com força suas coxas e penetrou mais rápido, mais fundo, mais forte gozou antes do final da canção.

    Ela mordeu os lábios e sorriu. Acordou do sonho com o barulho do sinal do ônibus. Olhou ao redor e pensou: será eu gemi alto ou foi só na imaginação? Será que alguém percebeu que meu rosto vermelho era de pensar em safadeza?

    Chegou em casa mais leve, sonhadora, com a calcinha úmida pensando em todo aquele imaginário. Resolveu tirar tudo isso da cabeça e escrever todos os detalhes. Criou coragem, como não tinha nada a perder mandou para ele a história. Na noite seguinte ela recebeu uma resposta: um convite para um show que ele ia fazer, talvez uma conversa e bebidas depois. Estava nervosa, não sabia onde sua brincadeira poderia te levar, mas topou mesmo assim.

    Ela achou impressionante vê-lo tocando ao vivo a deixava desperta, elétrica, com tesão. Depois do show ele perguntou o que ela tinha achado, e ela respondeu:

    -Talvez seja a lente do meu óculos, mas você fica muito mais gostoso em cima do palco! - ela falou ao pé do ouvido dele. Ele sorriu, a puxou para perto e a beijou.

17 julho 2021

Ela

Chego no seu prédio, falo com o porteiro,
Entro no elevador, sorrio por detrás da máscara,
Mordo os lábios pensando
E sinto um tesão absurdo.
Adoro pensar que o porteiro e o segurança
Devem achar que sou "a outra",
Pois sei que ela te visita às vezes -
Talvez outras também passem pelo seu quarto -
Mas eles não sabem que não ligo!
Por isso rio escondida.
Me finjo de desentendida,
A mocinha indefesa que está sendo enganada.

Subo o elevador arranhando as paredes,
Roçando as pernas, calor.
Chego na tua porta já querendo seu corpo,
Seu cheiro, seu gosto.
Quero ver se tem novas marcas na tua pele,
Perfume dela? Batom?
Não tem arranhões?
Então eu mesma faço!

Queria ter o prazer de invadir sua cabeça algumas vezes,
E misturar as cenas, falas e memórias,
Lembrar que você me comeu nesta cama
E ela também -
Se você fechar bem os olhos deitado na cama, pode sentir:
eu de um lado, ela de outro.

Enquanto ela morde sua orelha esquerda,
Eu dou lambidas na sua direita,
A gente desce até o pescoço
Alternando entre mordiscadas e beijos,
Caminhamos até seu peito.
Dei sorte e estou no lado onde tem sua tatuagem,
Sorrio e beijo lentamente o desenho,
Ela morde seu mamilo te olhando, provocando.

Seguimos juntas, descendo.
Você se contorce de cócegas sentindo nossos cabelos passando pela sua barriga,
Chegamos até seu membro ereto.
Eu olho para ela que me sorri,
Encaramos você que engole em seco
E com um olhar pedinte implora para que a gente continue.
E a gente continua.

Massageio suas bolas devagar,
Ela chega junto umedecendo os lábios,
Eu te dou uma lambida por inteiro,
Ela observa, depois faz o mesmo.

A saliva dela desce da cabeça,
E escorre por todo seu pau,
Ela te abocanha ao mesmo tempo em que eu faço outros movimentos -
Depois de brincarmos pelo seu corpo todo
Ela e eu estamos em sincronia:
Enquanto ela te chupa,
Eu te masturbo.

Sinto sua pele úmida ficando quente,
Sinto uma energia pulsante enquanto minha mão sobe e desce,
Te aperto um pouco,
Solto,
Subo devagar e desço mais rápido;
Quanto mais eu desço, mais ela te coloca na boca.

Te chupa, suga, te engole,
Eu tiro os cabelos da frente do rosto dela,
Ela continua, faz movimentos circulares com a língua,
Você puxa o lençol, geme baixinho,
Agora eu coloco minha boca em ação também,
Ela te chupa por cima,
Eu te lambo por baixo,
Lambo seus testículos
E vou subindo até encontrar a língua dela.

É a primeira vez que a gente se toca assim,
Nossas línguas se encontram,
A gente se beija.

Uma das mãos dela continua te masturbando enquanto a outra pega minha bunda,
Eu acaricio os seios dela enquanto a gente se beija.
Ela me solta e senta em você -
Eu fico ao lado, observando -
Devagar ela te pega e penetra - fundo como você gosta -
Eu vejo como olha para ela, seus olhos se cruzam
E eu sinto a tensão, tesão no ar -
Mas se antes tinha ciúmes, hoje isso me excita.
Ela sobe e desce raspando as coxas nas suas
Segura o cabelo e inclina para trás.
Eu mordo os lábio e continuo admirando a cena,
Começo a me tocar.

Ela te aperta com as coxas,
Geme alto, fecha os olhos,
Faz mais rápido, mais forte, mais alto,
Eu sigo os movimentos dela, mas com meus dedos,
Mais rápido, mais forte,
Mais e mais.
Me contorço,
Mordo os lábios,
Sinto sua mão quente me tocando,
Pegando meus seios,
Abro os olhos e te vejo me olhando,
Me puxa e me beija.

Eu levanto e sento quase no teu peito,
Continuo indo mais rápido, mais forte,
Sinto minhas coxas trêmulas, estou quase.
Me toco, mas quero te sentir também,
Coloco uma das mãos pra trás e pego no teu pau,
Te masturbo enquanto me toco.
Agora a gente está no mesmo ritmo,
Na mesma velocidade e frequência.
Você agarra minhas coxas com força - já entendi -
Inclino pra frente, te sinto latejar na minha mão,
Subo e desço batendo forte meu corpo no teu
Sinto meu clitóris em chama, irradiando uma energia crescente,
Arranho seu peito enquanto gozo
E deixo um gemido escapar da minha boca,
Você aperta minha bunda me trazendo pra baixo,
E gozando nas minhas costas.

Meu coração está acelerado, estou ofegante - você também-
Sinto suas pernas trêmulas embaixo de mim,
Saio de você e deito ao seu lado.
Quando acordar, você que escolhe,
Se ela esteve aqui ou não,
Se quer ela aqui de novo, ou não.
Por mim, tanto faz, ninguém vai descobrir por que rio no elevador

24 fevereiro 2021

Carnaval




Verão. Calor. Pouca roupa. Saudades de carnaval.
Música. Coreografia. Muvuca. Bebida. Gente. Fantasia.

Mas eu sempre preferi o silêncio.
Sem muvuca. Só nos dois.Sem fantasia. Pode ter acessórios e música.

Independente da estação com você é sempre verão.
Calor.
Chega que o suor escorrega,
Pele derrete.

Vem comigo atrás do trio que quero ver sua banda passar
Confete cair
Bebida acabar
Nós dois se beijar
Até a festa acabar.

09 fevereiro 2021

Foto



Verão. Calor.
Me chamou para um vinho e um filme
Topei.
Ambos estavam respeitando a quarentena e por isso, subindo pelas paredes.

Conhecia aquele homem, sorriso e apartamento,
Já tinha visitado sua sala com seus instrumentos,
Violão, baixo, teclado, bateria,
Mas o que não conhecia era seu brinquedo novo:
câmera fotográfica.

Ele falou que sempre quis ter uma
E conseguiu comprar naquele mês.
Estava estudando as funções, lentes e luzes -
Era uma criança com seu brinquedo de Natal.
Uma taça.
Conversamos sobre a vida, trabalho, pandemia,
Passado, vontades, futuro
Outra taça.

Peguei as baquetas da bateria,
Tamborilei alguma coisa no surdo,
Toquei umas notas no teclado
E peguei seu violão.

Queria que ele me colocasse em seu colo
Dedilhasse pelas minhas cordas
E fizesse sair som dos meus lábios
Como do baixo que toca.

Ele sorriu do meu poema
Deixou a taça de vinho em cima da mesa
E pegou sua câmera.
Eu ri de nervoso e ele me fotografava.

Eu fingia que tocava alguma coisa
Enquanto ele procurava ângulos para fazer seus registros.

Mais uma taça,
Precisava beber, me soltar, perder a timidez,
Tentar encarnar a modelo.
Se aproximou. Clicou.
Ajoelhou. Focou. Clicou.

Sentia meu rosto ficando vermelho,
Queimando, de vergonha e pelo vinho.
Calor.

Levantei.
Ele se aproximou me beijou
E vagarosamente tirou minha blusa.
Calor.
Fiquei de calça e sutiã.
Fui até o teclado,
Ele atrás de mim,
Tirou fotos das minhas costas
Quase nuas cobertas pelo cabelo.

Se ajoelhou
Beijou minha cintura
Me mordeu, me virou.
Abriu meu zíper,
Me levantou,
Tirou minha calça.
Me puxou pra perto,
Me deu um cheiro,
Outro beijo
E me chamou para o chão,
No seu tapete felpudo.

Deitei apoiada nos cotovelos
Ouvi um disparo da máquina,
Sorri.
Senti as mãos geladas dele percorrendo minha coluna,
Abriu meu sutiã,
Deitei sentindo cócegas nos meus seios.

Ele andava de um lado para outro.
Cliques. Ângulos. Luzes. Sombras.
Outra taça.
O calor que sentia agora era diferente.
Virei para ele, pedi que se aproximasse.
Se ajoelhou.
Tirei a câmera das suas mãos,
Puxei ele para perto e o beijei.
O resto da história não foi fotografado,
Ficou registrado na nossa memória.

31 janeiro 2021

Torcida

⚽🏆
⁠⁠
Faz anos que não ligo para futebol⁠
Deixei de acompanhar.⁠
Mas te ver com seu manto verde⁠
Rezando, torcendo, vibrando,⁠
Fez vibrar coisas em mim que há tempos não sentia.⁠

Hoje vou torcer pro seu time⁠
Enquanto você joga no meu campo.⁠

Cobra um tiro de meta⁠
Passa a bola pro zagueiro⁠
Toca pro lateral⁠
E volta pro meio.⁠
Vem tocando pro centroavante⁠
Dribla o adversário⁠
Cruza para o atacante⁠
Que de cabeça faz um golaço. ⁠

Você nunca vai estar impedido⁠
Não precisa de VAR⁠
Pois não vou te anular⁠
É seu gol, seu título, sua glória.⁠

Agora tira sua camiseta⁠
E vem fazer marcação cerrada⁠
Corpo a corpo em cima de mim.⁠
Vamos ver se você merece mesmo esse título.⁠

28 janeiro 2021

Equação



Eu sou de humanas
⁠Entendo mais de letras do que de números⁠
Mas quis somar aquilo que vi tatuado no teu peito⁠

Sentada no teu colo⁠
Olhando pra você⁠
Te lia como se fosse em braile⁠
Meus dedos passeavam pelas linhas pretas do seu tórax⁠
Tentando entender a cronologia das datas⁠

Há quanto tempo te conheço?⁠
Quando nos vimos pela primeira vez?⁠
Quando será nossa última vez?⁠

Enquanto você apertava minha coxa,⁠
Deslizava sua mão pela minha bunda,⁠
Senti seu membro se mexendo embaixo de mim;⁠
Desses números eu entendo:⁠
Você + eu ⁠
Sua língua + minha boca⁠
Seu calor + minha pele⁠
Seu cheiro + meu gosto⁠
Seu sexo + meu desejo⁠
Tudo se soma, se une,⁠
Muitos elementos de uma equação que dá sempre certo⁠