22 agosto 2016

Antes só que mal comida

Creio que eu precise melhorar minha comunicação, criar regras, algo que seja bom para ambas as partes, pois, cansei de ficar insatisfeita. Sei que o problema não é só meu, e não é só comigo que isso acontece.

Será que é meu Gêmeos em Marte que não me satisfaz, que não me deixa gozar nunca? Ou o fato de às vezes criar algumas expectativas, ou meus parceiros às vezes não serem tão caprichosos? Cada peso uma medida, então cada tentativa uma porcentagem de culpa?

O cara chega no auge do prazer, desmaia para o lado e dorme satisfeito. Eu longe de qualquer prazer extremo, ainda em êxtase com o momento, fico elétrica com os hormônios a flor da pele, com energia para correr 3 maratonas, sou dominada pela insônia, e o corpo quente ao meu lado num sono profundo.

Aí que entra o diálogo, parceria, acordo: ok, você gozou?! Eu não, então vamos compensar, vem aqui e me faça uma massagem, me dê um carinho ou coisa assim. (fazer um carinho ou conversar depois não faz disso um relacionamento sério, nem caí o braço, pode fazer). O ruim é que a grande maioria só quer sexo, não gosta desses detalhes. São egoístas, pensam no próprio prazer, que já deram o melhor de si, que arrasaram e fim. E às vezes não é por maldade, o cara segue o plano: xyz, pois sabe que satisfaz algumas mulheres, mas não somos todas iguais (assim como eles não são). Eu já aviso com antecedência e sempre pergunto como ele gosta, pois assim não tem erro, dói fazer o mesmo?

No meio da noite tu acorda, vê que ele está acordado e tenta de novo, já que ele gozou, quem sabe é tua vez? Faz uma aproximação, um carinho, massagem, beijo no pescoço, aí ele vira de costas, para mim é um sinal claro de "não estou afim", né? Aí tu pensa: ele trabalhou a semana inteira, está cansado, deixa para depois. Quantas desculpas a gente coloca no outro, mas que podem ser nossas? E se você fez algo errado? E se não foi bom pra ele também, porque tentar de novo? E se ele perdeu o tesão em você?

E você se sente pior, pois não é a primeira vez que isso ocorre, já aconteceu com outro antes. Será que você tem que pular nua em cima dele e dizer: vamos de novo? Vamos melhorar o que foi ruim? Ou você que tem o dedo podre para escolher caras? Onde se encontra a 'caixa de sugestões' pós sexo para refletir sobre?

Talvez a luz da tv não incomode tanto quanto o passarinho lá fora e você consiga adormecer. Já passou mais uma hora e nem no sofá da sala ouvindo suas músicas te fizeram cair no sono. Ainda são 4 horas da manhã, falta mais 2 pra você sair.

O ato em si é bom, sempre tem momentos incríveis, pegadas sensacionais, troca de energia, pele na pele. Sei que o orgasmo não é tudo, que mais de 70% das mulheres não gozam assim tão fácil; eu sou dessas difíceis, então, até dou um desconto para o cara. Mesmo estando relaxada, sem pensar naquilo, aproveitando as sensações, o 'momento' não vem. Até com orientação é complicado, você trava, fica tensa, pensa no esforço do cara há tempos na mesma posição, aí já se distraiu e piorou tudo. 

Vamos conversar então? Não só com a pele, toques, mãos, olhares e beijos. Vamos dialogar, trocar palavras, entender o interior para depois o exterior. Deixar que as palavras fluam como nossos movimentos, sem pressão, sem pressa. Vamos nos envolver, parágrafo por parágrafo, ponto a ponto, para que nessa história nos dois possamos chegar ao "final feliz".

06 agosto 2016

Namastê

Domingo de manhã. Sol de inverno, dia não tão quente, sem vento. Decidiu fazer algo diferente e foi para aula experimental de yoga no parque. Há tempos queria se 'reconectar' consigo mesma, pois sabia que não conseguiria ir adiante - por qualquer caminho que fosse - se não se conhecesse melhor, se não se aceitasse e entendesse.

Era mulher, quase 30 anos, solteira, desempregada e carregava um buraco na alma e um peso nas costas. Tudo obviamente tem um porquê, uma razão, porém tem pesos que a gente pode se livrar no meio da caminhada e transformá-los em leves aprendizados - era o que ela queria.

Durante o trajeto da entrada do parque até o local da aula, viu desde crianças até idosos. Livros, patins, bolas, skates, bicicletas, comida, itens de diversão, passatempo do corpo e da mente. Nesse pequeno passeio ela já ia recarregando as energias.

Devia ter umas 40 pessoas na aula. A professora deu as instruções falando para sentarem no tapete, tirar os calçados e se preparar.

Fazia um bom tempo que ela não praticava nenhuma atividade física. O corpo sentia falta, precisa se libertar. Ficou impressionada com o grupo ali, todos em sintonia nos movimentos e com a respiração sincronizada. A tutora dizia sobre os benefícios daquela prática e pedia para todos fecharem os olhos e prestar atenção na própria respiração, enquanto ela e seu auxiliar iriam corrigir a postura dos alunos.

Sentou tentando deixar a coluna mais reta possível, encaixada no osso do cóccix. Mãos sobre os joelhos deviam estar leve, sem forçar. Mesmo com os olhos fechados ainda sentiam bem a presença do Sol. O pulmão abria e fechava junto com a boca, o ar entrava e num clico de renovação, saia levando todo o mal junto.


- Só precisa relaxar mais o ombro - disse  uma voz masculina no ouvido dela, enquanto as mãos firmes e quentes abaixavam de leve seus ombros, endireitando a postura e a confortando.

A respiração e o coração saíram do estado de relaxamento e agora queriam voltar ao normal, mas sem conseguir. Sentia as bochechas queimando vermelhas de vergonha. De olhos fechados engolia em seco. Tentava se acalmar e se concentrar.

A professora disse que podiam abrir os olhos e pensar como estavam antes e depois desse exercício. Lá na frente ela estava falando sozinha sobre 
a próxima posição, mas a aluna não quis saber daquilo. Disfarçadamente e fingindo um alongamento, olhou para os lados querendo saber de quem poderia ser o dono da voz misteriosa.

De pé com as pernas abertas na distância do quadril. Braços levantados na altura do ombro, palmas das mãos para baixo e dedos abertos, ou qualquer coisa do tipo que a professora tenha dito, ela tinha perdido a concentração.

Ela voltou a falar sobre respiração, pulmão, ar que entrava e saia. A aluna ia se concentrando, mantendo a posição para voltar naquele estado de concentração quando foi ajudada novamente por aquelas mãos e voz no ouvido:

- Abaixa os ombros. Relaxa! Você coloca muita tensão neles.

Desta vez de olhos abertos pode ver o dono da voz. Era um pouco mais alto que ela, cabelos compridos presos em um coque, sorriso grande e olhos claros que a fizeram se esquecer do Sol. Ficou boquiaberta.

- Se concentra na sua respiração. Distribui melhor o peso dos joelhos e arruma esse ponto aqui. - disse o rapaz apoiando a palma de sua mão nas costas dela próxima a cintura - Se precisar estou sentado atrás de você, me chame...

- Não consigo me concentrar aqui. Acho que é por conta do barulho.

- Se você quiser pode vir no espaço onde damos aula. Pode ir em uma aula experimentar lá.


Ela aceitou sem demora, pegou um cartão de visita depois e marcou  para a próxima semana. Terminou aquela aula no parque se sentindo leve e poderosa, mesmo ainda estando com as pernas tremulas.

Na quinta a noite passou no estúdio que ficava numa tranquila rua da zona sul da capital. O jardim vertical na entrada apontava que aquele lugar era diferenciado. O estúdio estava vazio e encontrou o professor ao telefone com uma cara chateada dizendo algo sobre marcar numa próxima semana.

- As duas amigas que viriam hoje, não vão poder vir para a aula. Vai ser só você, tudo bem?

Engoliu seco e já sentiu o coração querendo sair do peito, a face ficando rosa e assentiu com a cabeça.

- Não precisa ficar com vergonha... Estou aqui para te ajudar! Vamos para a sala de cima.

Espelho em uma parede e na outra um espaldar (aquele aparelho de barras para alongamento). Bolas e tapetes de yoga estavam num canto no chão. A luz baixa, incenso de ervas e som de mantras na rádio compunham a decoração do lugar.

Pediu que ela deixasse as coisas numa cadeira. Tirasse o tênis e deitasse no tapete no centro do espaço. Fez o que ele pediu e junto com o tênis e a mochila, deixou a vergonha de lado. Deitou no centro e reparou nos spots de luz no teto e sua respiração acelerada.

Contou os 25 pontos de luz, 12 bolas, 6 cadeiras 
e coração saindo do peito. Quatro puffs, um biombo, 7 quadros na parede e o coração já subia pela boca. 

 - Deita, fecha os olhos, palmas das mãos viradas para cima.

Ele se ajoelhou próximo a cabeça dela e com os polegares apertou um ponto no ombro da moça, parece que com aquele ponto tensionado ele tirou o mundo que ela carregava nas costas. Sentia o perfume dele e o calor.

- Eu não consigo! Para! Não vou conseguir me concentrar sabendo que esses olhos claros estão olhando para mim e que seu cabelo está solto e caído no rosto. É muita tentação! Já contei as 25 lâmpadas aqui e estou mentalizando o Hino Nacional para tentar pensar em outra coisa que não seja te agarrar agora! - disse a moça ainda deitada

A vergonha que ela deixou junto da mochila, abriu um zíper, se escondeu lá e nunca mais saiu.

Ele calmamente tirou o cabelo do próprio rosto com um sorriso lindo no rosto.

- Conheço outra técnica de relaxamento que pode ser muito boa para você.

As mãos quentes envolveram o pescoço dela, abaixou e deu-lhe um beijo na testa e um na boca. Ela já imaginava - o beijo dele era calmo, gentil, envolvente, sem pressa. Sentia cada centímetro dos lábios dele tocando os dela e a língua que a invadia era diferente das outras que havia experimentado.

Apagou umas luzes deixando o ambiente mais escuro. Aumentou o som dos mantras e pegou um óleo de ylang ylang (que é afrodisíaco). Deu a volta pelo corpo de sua aluna e devagar tirou a calça dela. Colocou umas gotas na mão e as esfregou deixando um pouco mais quente. Começou a massagem nos dedos do pé direito. Ela nunca tinha sentido a falange dela, nem o metatarso daquele jeito - nunca sequer nem pensou na palavra 'metatarso', mas nas mãos dele tudo ganhava um novo significado.

A planta do pé foi amassada, prensada entre as mãos. O tornozelo girava devagar com o controle dele que depois desse movimento massageou a batata da perna e foi subindo até o joelho. Com as pontas dos dedos massageou aquela região. As pontas subiram para a coxa que recebeu um carinho a mais próximo da virilha - que a deixou arrepiada. Desceu até a outra perna e repetiu cada movimento e mesmo sendo a mesma coisa, as sensações eram novas, únicas, ela nunca havia sentido aquilo.

Ainda com a ponta dos dedos passeou por cima da calcinha. Tocou na parte de cima no elástico e deslizava até as laterais da cintura, repetiu esse movimento algumas vezes. Desceu para o meio e posicionou a palma da mão em cima da curvatura da moça, em cima do chamado 'monte de vênus'. Permaneceu ali por uns minutos, trocando energia e calor, se conectando com a mulher deitada. Tirou a calcinha devagar e fez os mesmo movimentos de antes. Desta vez as peles quentes se encontraram e quase saiu choque.


O polegar dele fazia movimentos circulares no clitóris. Depois de uns minutos assim, desceu devagar e a sentiu molhada, penetrando o dedo nela para a sentir melhor. Tirou esse dedo e inseriu o indicador depois o médio fazendo movimentos de ir e vir, revezando eles.

O corpo todo estava conectado, a energia saia daquele ponto e irradiava para todo o resto, dos pés até a cabeça. Sentia em sintonia, vibrando e espalhando aquela energia. 

Continuou o movimento internamente com os dedos mas agora usava junto o polegar para tocar o clitóris dela - ele sabia o lugar exato, era fácil perceber que estava no lugar certo, pois ela se contorcia e gemia baixinho.

O mantra acelerou um pouco, ficou mais alto, mais forte, assim como as contrações e gemidos dela. O polegar dele trabalhava bem, era certeiro e foi recompensado com um gemido alto dela, que sentiu a energia como uma onda vindo de baixo e dominando o corpo todo.

O professor pediu para que ela continuasse deitada, absorvendo aquela energia e lembrando dos exercícios de respiração do parque. 

Ela levantou se sentindo renovada, acesa, com o espírito leve e iluminado.

- O poder de concentração está dentro de você e vai te invadir e te dominar da mesma forma que esse calor agora. É questão de prática e de focar naquilo que importa. Distribua melhor o peso das coisas e tire um tempo só para você. Volte para as aulas de meditação que te ajudarão muito. Namastê. - ele falou  juntando as palmas das mão na altura no peito