21 dezembro 2016

Mochila

Voltava para casa depois de ter rodado a cidade. Estava cansada, mas já no ponto final para pegar o ônibus, por sorte consegui um lugar para sentar. Meu corpo quase se fundiu com o banco, sentia cada músculo do meu corpo latejar, minha cabeça doía.

Seguindo minha rotina, peguei meu fone,conectei no celular e coloquei qualquer música que me levasse para longe dali, que abafasse o som externo. Fechei os olhos por um segundo enquanto esperava o motorista dar a partida.

Abri meus olhos e vi todos os lugares ocupados e muita gente de pé no corredor. Perto de mim, de costas, havia um rapaz daquele estilo que me instiga: branquelo, magrelo, cabelos longos presos num coque. Vestia uma camisa social clara e pendurada no ombro uma mochila.

Imaginei meu cansaço e pensei no dele, quanto aquela mochila devia estar machucando os ombros dele, queria tirar aquele peso das costas.

Cutuquei o rapaz e perguntei se queria que eu segurasse aquilo, ele me olhou e disse que não. Até então não tinha visto seu rosto e me senti pré adolescente quando ele virou, senti meu rosto ficando corado, coração acelerado.

Ele conseguiu um lugar atrás de mim e eu não deixei de pensar no rosto dele.

Minha casa era muito próxima do ponto final, tinha que agir logo. Escrevi um bilhete dizendo que o achava 'lindo' e entreguei descendo do ônibus. E foi ali que eu tirei o peso das minhas costas, voltei leve pra casa, sem cansaço com a energia recarregada.