06 agosto 2016

Namastê

Domingo de manhã. Sol de inverno, dia não tão quente, sem vento. Decidiu fazer algo diferente e foi para aula experimental de yoga no parque. Há tempos queria se 'reconectar' consigo mesma, pois sabia que não conseguiria ir adiante - por qualquer caminho que fosse - se não se conhecesse melhor, se não se aceitasse e entendesse.

Era mulher, quase 30 anos, solteira, desempregada e carregava um buraco na alma e um peso nas costas. Tudo obviamente tem um porquê, uma razão, porém tem pesos que a gente pode se livrar no meio da caminhada e transformá-los em leves aprendizados - era o que ela queria.

Durante o trajeto da entrada do parque até o local da aula, viu desde crianças até idosos. Livros, patins, bolas, skates, bicicletas, comida, itens de diversão, passatempo do corpo e da mente. Nesse pequeno passeio ela já ia recarregando as energias.

Devia ter umas 40 pessoas na aula. A professora deu as instruções falando para sentarem no tapete, tirar os calçados e se preparar.

Fazia um bom tempo que ela não praticava nenhuma atividade física. O corpo sentia falta, precisa se libertar. Ficou impressionada com o grupo ali, todos em sintonia nos movimentos e com a respiração sincronizada. A tutora dizia sobre os benefícios daquela prática e pedia para todos fecharem os olhos e prestar atenção na própria respiração, enquanto ela e seu auxiliar iriam corrigir a postura dos alunos.

Sentou tentando deixar a coluna mais reta possível, encaixada no osso do cóccix. Mãos sobre os joelhos deviam estar leve, sem forçar. Mesmo com os olhos fechados ainda sentiam bem a presença do Sol. O pulmão abria e fechava junto com a boca, o ar entrava e num clico de renovação, saia levando todo o mal junto.


- Só precisa relaxar mais o ombro - disse  uma voz masculina no ouvido dela, enquanto as mãos firmes e quentes abaixavam de leve seus ombros, endireitando a postura e a confortando.

A respiração e o coração saíram do estado de relaxamento e agora queriam voltar ao normal, mas sem conseguir. Sentia as bochechas queimando vermelhas de vergonha. De olhos fechados engolia em seco. Tentava se acalmar e se concentrar.

A professora disse que podiam abrir os olhos e pensar como estavam antes e depois desse exercício. Lá na frente ela estava falando sozinha sobre 
a próxima posição, mas a aluna não quis saber daquilo. Disfarçadamente e fingindo um alongamento, olhou para os lados querendo saber de quem poderia ser o dono da voz misteriosa.

De pé com as pernas abertas na distância do quadril. Braços levantados na altura do ombro, palmas das mãos para baixo e dedos abertos, ou qualquer coisa do tipo que a professora tenha dito, ela tinha perdido a concentração.

Ela voltou a falar sobre respiração, pulmão, ar que entrava e saia. A aluna ia se concentrando, mantendo a posição para voltar naquele estado de concentração quando foi ajudada novamente por aquelas mãos e voz no ouvido:

- Abaixa os ombros. Relaxa! Você coloca muita tensão neles.

Desta vez de olhos abertos pode ver o dono da voz. Era um pouco mais alto que ela, cabelos compridos presos em um coque, sorriso grande e olhos claros que a fizeram se esquecer do Sol. Ficou boquiaberta.

- Se concentra na sua respiração. Distribui melhor o peso dos joelhos e arruma esse ponto aqui. - disse o rapaz apoiando a palma de sua mão nas costas dela próxima a cintura - Se precisar estou sentado atrás de você, me chame...

- Não consigo me concentrar aqui. Acho que é por conta do barulho.

- Se você quiser pode vir no espaço onde damos aula. Pode ir em uma aula experimentar lá.


Ela aceitou sem demora, pegou um cartão de visita depois e marcou  para a próxima semana. Terminou aquela aula no parque se sentindo leve e poderosa, mesmo ainda estando com as pernas tremulas.

Na quinta a noite passou no estúdio que ficava numa tranquila rua da zona sul da capital. O jardim vertical na entrada apontava que aquele lugar era diferenciado. O estúdio estava vazio e encontrou o professor ao telefone com uma cara chateada dizendo algo sobre marcar numa próxima semana.

- As duas amigas que viriam hoje, não vão poder vir para a aula. Vai ser só você, tudo bem?

Engoliu seco e já sentiu o coração querendo sair do peito, a face ficando rosa e assentiu com a cabeça.

- Não precisa ficar com vergonha... Estou aqui para te ajudar! Vamos para a sala de cima.

Espelho em uma parede e na outra um espaldar (aquele aparelho de barras para alongamento). Bolas e tapetes de yoga estavam num canto no chão. A luz baixa, incenso de ervas e som de mantras na rádio compunham a decoração do lugar.

Pediu que ela deixasse as coisas numa cadeira. Tirasse o tênis e deitasse no tapete no centro do espaço. Fez o que ele pediu e junto com o tênis e a mochila, deixou a vergonha de lado. Deitou no centro e reparou nos spots de luz no teto e sua respiração acelerada.

Contou os 25 pontos de luz, 12 bolas, 6 cadeiras 
e coração saindo do peito. Quatro puffs, um biombo, 7 quadros na parede e o coração já subia pela boca. 

 - Deita, fecha os olhos, palmas das mãos viradas para cima.

Ele se ajoelhou próximo a cabeça dela e com os polegares apertou um ponto no ombro da moça, parece que com aquele ponto tensionado ele tirou o mundo que ela carregava nas costas. Sentia o perfume dele e o calor.

- Eu não consigo! Para! Não vou conseguir me concentrar sabendo que esses olhos claros estão olhando para mim e que seu cabelo está solto e caído no rosto. É muita tentação! Já contei as 25 lâmpadas aqui e estou mentalizando o Hino Nacional para tentar pensar em outra coisa que não seja te agarrar agora! - disse a moça ainda deitada

A vergonha que ela deixou junto da mochila, abriu um zíper, se escondeu lá e nunca mais saiu.

Ele calmamente tirou o cabelo do próprio rosto com um sorriso lindo no rosto.

- Conheço outra técnica de relaxamento que pode ser muito boa para você.

As mãos quentes envolveram o pescoço dela, abaixou e deu-lhe um beijo na testa e um na boca. Ela já imaginava - o beijo dele era calmo, gentil, envolvente, sem pressa. Sentia cada centímetro dos lábios dele tocando os dela e a língua que a invadia era diferente das outras que havia experimentado.

Apagou umas luzes deixando o ambiente mais escuro. Aumentou o som dos mantras e pegou um óleo de ylang ylang (que é afrodisíaco). Deu a volta pelo corpo de sua aluna e devagar tirou a calça dela. Colocou umas gotas na mão e as esfregou deixando um pouco mais quente. Começou a massagem nos dedos do pé direito. Ela nunca tinha sentido a falange dela, nem o metatarso daquele jeito - nunca sequer nem pensou na palavra 'metatarso', mas nas mãos dele tudo ganhava um novo significado.

A planta do pé foi amassada, prensada entre as mãos. O tornozelo girava devagar com o controle dele que depois desse movimento massageou a batata da perna e foi subindo até o joelho. Com as pontas dos dedos massageou aquela região. As pontas subiram para a coxa que recebeu um carinho a mais próximo da virilha - que a deixou arrepiada. Desceu até a outra perna e repetiu cada movimento e mesmo sendo a mesma coisa, as sensações eram novas, únicas, ela nunca havia sentido aquilo.

Ainda com a ponta dos dedos passeou por cima da calcinha. Tocou na parte de cima no elástico e deslizava até as laterais da cintura, repetiu esse movimento algumas vezes. Desceu para o meio e posicionou a palma da mão em cima da curvatura da moça, em cima do chamado 'monte de vênus'. Permaneceu ali por uns minutos, trocando energia e calor, se conectando com a mulher deitada. Tirou a calcinha devagar e fez os mesmo movimentos de antes. Desta vez as peles quentes se encontraram e quase saiu choque.


O polegar dele fazia movimentos circulares no clitóris. Depois de uns minutos assim, desceu devagar e a sentiu molhada, penetrando o dedo nela para a sentir melhor. Tirou esse dedo e inseriu o indicador depois o médio fazendo movimentos de ir e vir, revezando eles.

O corpo todo estava conectado, a energia saia daquele ponto e irradiava para todo o resto, dos pés até a cabeça. Sentia em sintonia, vibrando e espalhando aquela energia. 

Continuou o movimento internamente com os dedos mas agora usava junto o polegar para tocar o clitóris dela - ele sabia o lugar exato, era fácil perceber que estava no lugar certo, pois ela se contorcia e gemia baixinho.

O mantra acelerou um pouco, ficou mais alto, mais forte, assim como as contrações e gemidos dela. O polegar dele trabalhava bem, era certeiro e foi recompensado com um gemido alto dela, que sentiu a energia como uma onda vindo de baixo e dominando o corpo todo.

O professor pediu para que ela continuasse deitada, absorvendo aquela energia e lembrando dos exercícios de respiração do parque. 

Ela levantou se sentindo renovada, acesa, com o espírito leve e iluminado.

- O poder de concentração está dentro de você e vai te invadir e te dominar da mesma forma que esse calor agora. É questão de prática e de focar naquilo que importa. Distribua melhor o peso das coisas e tire um tempo só para você. Volte para as aulas de meditação que te ajudarão muito. Namastê. - ele falou  juntando as palmas das mão na altura no peito

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