20 dezembro 2017

Voyeur

Era de noite, a rua estava deserta, desci correndo do ônibus, pois queria estar em casa mais rápido. Dobrei a esquina depois do ponto e cheguei na minha rua. Estava tudo apagado: prédios, casas, luminosos de comércios, tudo no escuro, sem luz. Coração acelerou, apertei o passo, ouvi alguém tossindo, me assustei. Porém vi que era na calçada oposta a minha, no primeiro andar do prédio em frente a minha casa. Da janela aberta do apartamento, só conseguia ver uma silhueta, vi um pedaço do seu corpo iluminado pelo o cigarro em sua mão. Quem era?

Fazia uns três meses que morava ali. Trabalhava de manhã, estudava a noite, não tive tempo de conhecer meus vizinhos. Entrei no meu sobrado em frente a cena, e tentei saber quem era o ser misterioso. Subi para o meu quarto e pela persiana tentei avistá-lo, porém já tinha ido. 

Na manhã seguinte ao sair de casa reparei novamente no apartamento, agora com a janela fechada. Cheguei, depois das 23 horas, antes de virar a esquina para minha rua, ouvi um pigarro, corri para ver se era a silhueta. Lá estava fumando no escuro, sentado no beiral da janela. Os dedos prendiam o vaga-lume de nicotina, a mão apoiada no joelho voava passeando pela coxa, peito e até chegar a boca que tragava e soltava a fumaça. Caminhei mais rápido, tranquei o portão de madeira de minha residência e corri para janela. No escuro do quarto observei pela persiana ele repetindo aquele gesto algumas vezes, do joelho até a boca até o vaga-lume se extinguir.

Fechei a persiana, fui dormir pensando na cena e no meu vizinho, estava feliz por ser sábado no dia seguinte e talvez ia poder acabar com esse mistério.

Acordei cedo, abri a janela - a dele estava fechada - fiz a cama, coloquei as roupas para lavar e nada de vê-lo. Almocei, lavei as louças, tomei banho e sai com minhas amigas. Voltei a noite, alegre e leve pelo vinho que bebi.

Subi para meu quarto e mesmo no escuro, fui tirar meu vestido, uma ação bem complicada de se fazer estando bêbada. As pernas bambearam, o zíper ficou preso nas costas e quase não passou pela cabeça quando eu o tirei.

Depois da cena lamentável comecei a notar na lingerie nova de renda que usava, azul marinho. O efeito do vinho surgia ali também me fazendo ver desenhos que talvez não existissem. A renda era linda, com costuras, revelos e traços bem feitos, e eu a tateava como um deficiente visual lendo braile. Sentia o bojo sustentando meu seio embaixo e a renda contornando por cima, meus dedos tentavam decifrar aquele mapa de linhas, curvas e nós. Minha mão subiu até a alça onde os desenhos eram mais simples, porém desci novamente, meus dedos queriam saber sobre os desenhos do busto.

Minha curiosidade desceu até minha calcinha, a renda debaixo seria igual? O mapa desceria até ali?

Uma faixa lisa azul percorria minha cintura, a renda ficava mais embaixo, meu dedos sentiriam a renda, seguiram o caminho e acharam o tesouro do mapa. Mordi os lábios. Estava ainda de pé, em frente a cômoda que joguei o vestido, em frente a minha janela aberta...

Coração parou, pernas bambearam.. Subi com tanta pressa para me livrar do vestido que esqueci a janela aberta... Meu quarto estava a meia luz, iluminado pelo poste da rua, a mesma luz que invadia o quarto dele. Há quanto tempo será que ele me observava? Em uma das mãos segurava seu cigarro, na outra, seu membro quase ereto.

Era uma noite linda, quente, o vinho ainda me agitava e meu corpo pedia por algo.

Sorri e continuei. Virei de costas para ele e comecei a dançar devagar, subia e descia com uma das mãos apoiadas na cômoda; a outra mão, tirou o cabelo das minhas costas para que ele pudesse me ver mais. Agachei e lentamente subi só meu bumbum, minha lombar e cabeça subiram depois.

Coloquei minhas mãos atrás e abri o fecho do sutiã - nessa hora nem ligava mais se ele estava assistindo ou não, estava fazendo para mim, queria me satisfazer. Meus seios estavam livres, cobri com as mãos, virei meu rosto para ver se meu vizinho ainda me olhava, sorri meu sorriso mais safado e o vi lá, me observando e se tocando. Virei e fiquei brincando com meu vouyer, enquanto eu mostrava um seio, cobria o outro, até mostrar os dois.

Do outro lado não conseguia ver muita coisa dele, mas o pouco que via, percebi  ele rindo, já havia largado o cigarro queimando sozinho no cinzeiro e estava focado em mim. Acho que ele não me via tanto também, mas a imaginação falava mais alto.

Minhas mãos puxavam meus cabelos, percorriam meu pescoço e voltavam para meus seios que apontavam para ele, apertava meus mamilos que já estavam duros e eu mordia os lábios. Elas circularam mais meus seios, contornaram minha cintura e pousaram na minha barriga. No quadril, brincaram com o elástico da minha calcinha e foram puxando mais para baixo.

Fiquei de costas de novo, era bom ficar seduzindo, brincando de esconde e esconde, ri alto e pisquei pra ele, ou para mim mesma, estava conhecendo meus limites e me divertindo. 

Rebolei um pouco e fui tirando a calcinha, baixando centímetro a centímetro, até ficar completamente nua, peguei a peça azul recém tirada e joguei no beiral da minha janela. Minha mãos podiam percorrer todo meu corpo nu, o vento soprava leve e eu me sentia inteira. Elas desceram da minha barriga até a virilha, brincaram alí, depois pularam para os grandes lábios, meus dedos aprovavam aquela carne volumosa, macia, e meus dedos passearam entre as coxas até chegar mais atrás, na bunda. Eles voltaram percorrendo os outros lábios, desfrutaram da lubrificação dali e deslizaram no clitóris. Uma corrente elétrica irradiou daquele pequeno pedaço escondido em mim pelo meu corpo inteiro. Estava pronta.

Abri a última gaveta da cômoda, e apoiei um pé, estava aberta, livre, acesa.

Meus dedos estavam na carne macia dos lábios da minha boca e desceram para os outros lábios, senti meu clitóris crescer, ele apontava para mim, então, brinquei com ele. Fiz movimentos circulares de leve, devagar, aumentei a pressão, depois com dois dedos brinquei de "ir e vir" e ia alternando nesses dois movimentos, aumentando a pressão e parando às vezes.

Meu dedo se perdeu dentro de mim, e eu me encontrei com ele. Era daquilo que eu precisava de um tempo só para mim.

Ele deslizava facilmente para dentro, entrava e saia bem do jeito que gostava. Introduzi outro dedo e foi bem mais gostoso. Enquanto uma mão introduzia, a outra massageava o clitóris, aquela combinação de movimentos me deixou com calor, suada e elétrica. Os dedos entravam mais rápido mais forte, assim como a massagem, que ganhou força e pressão.

Abri os olhos e o vi se tocando, ele estava de olhos fechados, mordendo os lábios e se satisfazendo. Aquilo me inspirou, aumentei mais a pressão, a velocidade, meu coração acelerou, não conseguia parar em pé, minhas costas se curvavam para a frente, porém eu não parava, queria chegar até o final, eu tava quase la, foi quando ouvi:

- Gostosa! - ele gritou do outro lado da janela.

Era o estímulo final que precisava, gozei ao ouvir aquilo, gemi alto e minhas pernas quase tombaram para a frente, me segurei na janela, ali consegui vê-lo melhor. Vi os momentos finais do prazer dele. Ele estava sentado com a mão dentro da cueca, brincando com seu pênis para cima e para baixo, até se contorcer na cadeira e relaxar o braço.

Sai da janela, fui dormir. Era o efeito do vinho ou ouvi alguém me aplaudindo?

Acordei de ressaca, dor de cabeça, vi meu quarto bagunçado, vestido jogado, gaveta e janela aberta. Foi real, ou apenas um sonho? Fui até a janela e vi minha calcinha no beiral, corri para tirar. Ouvi aplausos e vi meu vizinho na sala dele me brindando com café. Sorri envergonhada e fechei a janela.

Confesso que abri a janela algumas outras vezes para tomar um ar, ou para desfilar minha lingerie nova.


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