06 novembro 2017

Café

- Algo mais? - disse ele.

Ela acordou quando o copo quente de  isopor tocou em sua mão, se assustou ao pegar o café.

- Não obrigada.

Sentou de frente a lanchonete observando esse que a servira. Abriu um sachê de açúcar e despejou seu conteúdo na bebida, pegou uma colherzinha e mexeu devagar.

Ele era fisicamente do tipo que sempre a atraia: alto, branquelo, magrelo e cabelo um pouco comprido. Usava um avental amarelo, daqueles que dá um nó atrás para amarrar e uma touca da mesma cor para prender os cabelos. Era simpático com seus clientes e trabalhava com muita agilidade e alegria; a cada detalhe, o café ficava cada vez mais gostoso.

Aproximou o copo da boca, fechou os olhos e sentiu aquele aroma a dominando. Aquele sabor meio adocicado, meio amargo encontrou com a sua língua, desceu deliciosamente morno pela garganta até chegar ao estômago. Sorriu sentindo aquele calor se expandindo pelo corpo inteiro.

Pensou em como seria tomar um café com ele, seria mais doce ou mais amargo? Quente ou frio? Forte ou fraco?

Há alguns anos ela teria sido mais ousada investiria nele, chamaria para um café, porém naquele momento ela estava em paz, curtindo um café sozinha; foi egoísta e ficou com aquele sabor só para ela.

São fases, tem dias que queremos dividir o café com alguém, tem dias que é bom tomar sozinho, o sabor ficar mais forte, mais delicioso.

O rapaz continua ali servindo bebidas, quem sabe numa próxima xícara ela não esteja em outra fase e o chame para beber com ela.

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